segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Supertaça : Céu volta a pintar-se de verde-e-branco


O Ferroviario de Maputo, começou o ano de 2010 da mesma forma como terminou a temporada passada: em festa. Mais um troféu, desta feita a Supertaça, foi encaixado na sua rica vitrina, após a histórica vitória, na tarde de ontem, sobre o Costa do Sol por 5-1.

O triunfo gordo não engana, pois os “locomotivas”, que na época passada fizeram a “dobradinha”, conquistando Moçambola e Taça de Moçambique, já começaram a carburar e os “canarinhos”, que ainda estão à procura do seu melhor onze, foram brutalmente atropelados.

Houve muito Ferroviário para muitíssimo pouco Costa do Sol. Tal facto foi evidente ao longo de quase todo o jogo. Os comandados de Chiquinho Conde, com um futebol muito mais mecanizado e dinâmico, foram sempre a equipa que se acercou mais da área contrária, procurando gizar a baliza à guarda de Antoninho. Houve momentos de jogo em que tudo funcionou na perfeição, com Whisky, Momed Hagy e Danito Parruque a formarem um triângulo de luxo que chegava e sobrava para alimentar o trio de ataque: Luís, Ítalo e Jerry, que estiveram, diga-se de passagem, numa tarde em grande.

Tirando a primeira meia-hora, período em que os “canarinhos”, mesmo sem brilharem, assumiram uma postura mais condizente com o seu estatuto, os “locomotivas” tiveram sempre o jogo na mão. Aliás, o Costa do Sol fez o único golo no seu melhor momento. Tó, a passe de Josimar, aproveita a desatenção dos “centrais” Jotamo e Tony para inaugurar o marcador, à passagem dos 37 minutos.

Enganou-se quem pensou que os “canarinhos”, galvanizados pelo golo, arrancariam para uma exibição que lhes valesse o troféu, porque funcionou justamente ao contrário. Foi o Ferroviário que, ferido no seu orgulho e no estatuto que goza de bicampeão nacional, se transfigurou por completo, como da água para o vinho, e, volvidos três minutos, Jerry fez o golo de empate, a passe de Luís.

Foi a partir do golo de empate que se começou-se a assistir a um verdadeiro “show” da turma “locomotiva”. Com a bola a circular de pé para pé, sempre rente à relva, o Ferroviário construiu uma goleada que não estava nas previsões nem dos mais pessimistas. Luís e Jerry, sempre muito perigosos no ataque, tiveram a oportunidade de colocar a turma verde-e-branca a ganhar por 3-1 ainda antes do intervalo. O destino assim o não quis, mas, afinal, o “massacre” estava mesmo reservado para a segunda parte.

Com uma equipa mais compacta e os sectores mais interligados, não dando qualquer espaço de manobra aos jogadores mais habilidosos da turma contrária, caso de Josimar, o Ferroviário assumiu por completo as rédeas do jogo. Por isso, não foi de estranhar que, aos 56 minutos, Luís, de cabeça, tenha colocado os “locomotivas” em vantagem.

O cerco se apertou ainda mais para os “canarinhos”, que não encontravam formas de se livrar da teia montada pelo adversário. Eram os pupilos de Chiquinho Conde a passear a sua classe e reduzindo o Costa do Sol a uma equipa modesta.

No dia em que o Ferroviário conquistou a Supertaça, Ítalo, a nova estrela do ataque, tratou de conquistar os adeptos. Foram fortes os aplausos ao brasileiro ido do Textáfrica de Chimoio, quando saiu para dar lugar a Michael.

Quer parecer que o “mister” o substituiu mais para ganhar aquela viva ovação, porque Ítalo estava a ser um dos melhores jogadores em campo e tinha marcado o terceiro golo, de cabeça, após cruzamento de Luís.

O tento do avançando brasileiro veio coroar o futebol de alto nível que os bicampeões nacionais estavam a praticar.

A tarde de ontem foi uma daquelas em que tudo correu de feição para os “locomotivas”. Parecia impossível algo sair errado. O dia permitia dar oportunidades aos que menos chances têm tido para se mostrarem. Michael, pouco utilizado na época passada, no Maxaquene, saltou do banco a meio da segunda parte e, na terceira vez que tocou na bola, desferiu de fora da área um remate forte e colocado que só parou no fundo da baliza de Antoninho, que não podia fazer nada para evitar o 4-1.

O extremo esquerdo deu mote para a goleada, que só viria a parar aos 90 minutos, mesmo no final, e por intermédio de Luís, que marcou o segundo na sua conta pessoal e o quinto para os “locomotivas”, os quais deixaram o campo do Costa do Sol com um sorriso rasgado.

Houve até quem dissesse que se tinha tratado de um bom ensaio para o jogo das Afrotaças, frete ao AC Mitsamoulis, das Comores na sexta-feira. O certo é que o “canário” foi humilhado no seu ninho, por uma “locomotiva” que poderia até ter construindo uma vitória mais volumosa, se não tivesse reduzido a aceleração em alguns períodos.

Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)

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