segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ferroviario de Maputo quase campeão do Moçamabola-2009

O Ferroviario de Maputo caminha a passos largos para a conquista do Moçamabola-2009. Ontem, em pleno Estádio da Machava, recebeu e venceu o Chingale, por 2-0, deslocando-se, deste modo, do Desportivo, que perdeu diante do Atlético Muçulmano, por 1-2. Com esta vitória, os “locomotivas” comandam a prova com 50 pontos, mais três que os “alvi-negros”.

O Costa do Sol e Liga Muçulmana, que à entrada desta ronda ainda sonhavam com o troféu, deitaram tudo abaixo, pois perderam na sua deslocação à Nampula e Chimoio, com o Ferroviário e Textáfrica, respectivamente, por 0-1 e 0-2. Portanto, a questão do título só será decidida na última ronda no sensacional Ferroviário de Maputo-Desportivo.

O Maxaquene, que há muito perdeu esperanças de ser campeão, sofreu na tarde de sábado, em casa, a sua pior derrota do ano (0-4) frente ao Ferroviário da Beira. Aliás, esta ronda foi bastante produtiva com os aflitos a saírem-se melhor, o que significa que os dois acompanhantes do Ferroviário de Nacala à despromoção só serão encontrados na derradeira ronda, a 26ª.

Como já o dissemos, o Ferroviário da capital do país comanda com 50 pontos, encontrando-se o Desportivo em segundo com menos três pontos. O Costa do Sol vai em terceiro com 44 e a Liga Muçulmana em quarto com 43.

Os “tricolores”, apesar da derrapagem, continuam em quinto com 39, enquanto a sensacional HCB mantém-se em sexto com 36, os mesmos do Ferroviário da Beira. Em oitavo e nono estão o Textáfrica e Atlético Muçulmano com 30 cada. O Chingale, FC Lichinga e Ferroviário de Nampula têm 28 cada e lutam pela sobrevivência na prova. O Ferroviário de Nacala, já despromovido, está na cauda com apenas 12 pontos.

Vou analisar dois jogos a comecar pelo Ferroviário de Maputo, 2 – Chingale, 0

O Ferroviario de Maputo só respirou de alívio na derradeira etapa frente ao Chingale, depois de uma primeira parte sombria. Jerry chamou a si a responsabilidade de tirar a equipa da letargia, naquele centro geométrico em que colocou Luís em vantagem sobre os “centrais” a desviar subtilmente para o fundo das malhas da baliza defendida por Jaime, aos 50 minutos.

Foi uma explosão de entusiasmo nas hostes “locomotivas” que, à margem da partida, iam acompanhando a situação dos outros concorrentes ao título, nomeadamente o Desportivo e Costa do Sol. A intranquilidade dentro e fora do rectângulo de jogo só viria finalmente a esfumar-se quando, noutro lance pouco claro, Arão Júnior assinalou grande penalidade considerando estorvo a Jerry por Frederico, quando este se preparava para invadir a baliza de Jaime, aos 80 minutos, tendo Momed Hagy convertido com êxito. A decisão de Arão Júnior foi um tanto ou quanto forçada, pois pareceu-nos não ter havido intenção do defensor tetense em travar o atacante “locomotiva”, mas só ele sabe o que terá acontecido, pois estava próximo da jogada.

O Ferroviário teve várias perdidas e, na única vez que acertou com a baliza, Mendes estava em posição de fora de jogo, aos 34 minutos.

Com o horizonte escuro, o Ferroviário veio do intervalo com a missão bem estudada, mas continuou a sofrer muita resistência. Com incapacidade de os homens mais adiantados tomar iniciativas individuais, as coisas continuaram a complicar-se. Mas, finalmente, Jerry foi prático ao, depois de uma “cavalgada” pela direita, cruzar geometricamente para a entrada certeira de Luís. O tento espevitou a equipa que, com maior intensidade, subiu frequentemente para o reduto do Chingale. Os golos não apareceram, porque continuou a faltar alguma inteligência e frieza nos atacantes. A outra ocasião soberba desperdiçada pelos “locomotivas” pertenceu a Jerry que, após remate de Luís, ganha a sobra, mas atirou alto na “boca” da baliza, aos 52 minutos.

Com estas fragilidades, as contas podiam ter saído mal, porque Mavó não descansava e sempre à espera de uma surpreendente fuga. Numa outra ocasião, em contra-ataque, rematou cruzado para a defesa bem tirada de Mahomed. A secundar, Magaba, após uma tabelinha com Mavó, do flanco direito, arrancou um remate forte que provocou calafrios, ao sair ligeiramente alto, aos 57 minutos.

A este lance seguiu-se a expulsão de Sérgio Faife do banco técnico, por mandar palavrões à equipa de arbitragem, liderada por Arão Júnior.

O Chingale não ficou psicologicamente afectado, lutou, mas sem sucesso. Aliás, o pendor ofensivo pertenceu, em grande medida, ao Ferroviário, na segunda parte.

Luís, num lance idêntico ao primeiro golo, desta vez com Fredy a centrar pela esquerda, desviou subtilmente e o esférico saiu lentamente quase a roçar o segundo poste.

Porém, o segundo golo acabou surgindo numa situação menos esperada, quando Arão Júnior assinalou grande penalidade a considerar um alegado toque a Jerry por Frederico, aos 80 minutos. O defesa acabou sendo expulso por acumulação de amarelos, enquanto Mahomed Hagy convertia com sucesso o castigo.

A decisão de Arão Júnior provocou muitos protestos do Chingale, agravaram-se após o apito final, quando os tetenses foram apupados pelos adeptos quando procuravam explicações sobre a expulsão do seu treinador e alegada influência de Arão Júnior. As contestações culminariam com algumas agressões, mas não de vulto.

Desportivo,1-Atlético Muçulmano,2 : recordem-se do ditado quanto mais velho melhor fica

Tudo começou às mil maravilhas para o Desportivo. Estavam decorridos apenas dois minutos e Mayunda num livre directo colocou a equipa “alvi-negra” a ganhar o Atlético Muçulmano, por 1-0. Os pupilos de Semedo não podiam ter melhor início. Parecia ser uma daquelas tardes em que a festa seria novamente a preto e branco, até porque nas bancadas a claque “alvi-negra” aplaudia efusivamente a sua equipa, e funcionava na perfeição como décimo segundo jogador.

Assistiu-se durante a primeira meia hora um Desportivo a mandar no jogo com Nelinho em bom plano, no meio-campo, enquanto pelas alas Mayunda e Muandro iam fazendo alguns rasgos notáveis. Mas, de um momento para o outro, as “águias” caíram de produção. Passaram do “céu para-inferno”. As unidades do meio-campo entraram num deserto de ideias e as jogadas já não saíam com a mesma precisão. A turma “alvi-negra” parecia apossada pela ansiedade em querer fazer tudo rápido para chegar ao golo da tranquilidade.

O mau momento dos “alvi-negros” constratava com a subida de forma do Atlético, que a espaços ia chegando com mais frequência à área contrária. Danito Nhamposse e Eboh eram os homens mais perigosos na equipa muçulmana. E foi no melhor momento que o Atlético, já sem Garrincha, treinador adjunto, que havia sido expulso do banco por palavras dirigidas à equipa de arbitragem, chegou ao golo do empate por intermédio de Danito Nhamposse, aos 39 minutos. Foi um golo de belo efeito do “kota” Danito, que, aproveitando uma falha de Mayunda, teve a calma necessária para aplicar um chapéu a Marcelino, que estava mal colocado entre os postes. Por uns instantes o 1º de Maio/Standard Bank “gelou”, já que não passava pela cabeça de nenhum “alvi-negro”, que depois de um começo fulgurante fosse terminar a primeira parte em apuros.

A segunda parte trouxe um Desportivo a mandar no jogo, nos primeiros minutos, à semelhança do que havia sucedido na primeira. Nelinho deu o primeiro sinal de perigo com um remate de fora da área. No entanto, as dificuldades para os “alvi-negros” construírem uma jogada com princípio, meio e fim eram evidentes, até porque doutro lado estava um opositor muito personalizado. Os comandados de Arnaldo Salvado souberam tirar proveito do nervosismo do adversário que numa procura destemida pelo golo da vitória cometia erros, sobretudo no último passe, facto que facilitava a vida à defesa contrária, muito bem liderada por Baúte.

O Desportivo já não conseguia explorar as alas. Tudo era feito de forma muito denunciada. Por outro lado, a equipa muçulmana criava perigo no contra-ataque e ameaçava “violar” a redes de Marcelino. E não se enganou quem anteviu que o Atlético podia num contra-ataque tornar o dia “alvi-negro” ainda mais tenebroso. Amade ganha a bola a Aníbal, à entrada do meio-ampo, endossa para Eboh, este livre de marcação corre isolado, invade a área contrária, desfere um remate que Marcelino não consegue suster. Na recarga Danito Nhamposse empurra para o segundo golo do Atlético. Estava assim consumada a cambalhota no marcador. Para tentar mudar o rumo dos acontecimentos, Semedo fez entrar Nelson, Imo e Sonito, mas este trio não foi suficiente para, pelo menos, o Desportivo chegar à igualdade.

Resultados e Classificação do Moçamabola 2009

Fer. Maputo-Chingale (2-0)
Desportivo-Atlético (1-2)
HCB-FC Lichinga (1-1)
Matchedje-Ferroviário de Nacala (2-1)
Textáfrica-Liga Muçulmana (2-0)
Maxaquene-Ferroviário da Beira (0-4)
Ferroviário de Nampula-Costa do Sol (1-0)

Classificação do Moçamabola-2009

1º FER. MAPUTO 25 jogos, 50 pontos
2º Desportivo 25, 47
3º Costa do Sol 25, 44
4º Liga Muçulmana 25, 43
5º Maxaquene 25, 39
6º HCB de Songo 25, 36
7º Ferroviário da Beira 25, 36
8º Matchedje 25, 33
9º Textáfrica 25, 30
10º Atlético Muçulmano 25, 30
11º Chingale 25, 28
12º FC Lichinga 25, 28
13º Ferroviário de Nampula 25, 28
14º Ferroviário de Nacala 25, 12

Última jornada do Moçamabola-2009

FC Lichinga-Atlético
Fer. Beira-Textáfrica
Fer. Nacala-HCB
Liga Muçulmana-Matchedje
Costa do Sol-Maxaquene
Chingale-Fer. Nampula
Fer. Maputo-Desportivo

Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)


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