segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Moçambola-2009: 24a jornada, Ponta final extraordinária, lideres perdem



A ponta final do Moçambola-2009 vai ser imprópria para cardíacos se se tiver em conta que na jornada de ontem, portanto a antepenúltima, os da linha da frente perderam e os da cauda galgaram terreno. É caso para dizer que as próximas duas rondas serão de lágrimas! O Desportivo e o Ferroviário de Maputo apanharam pela mesma tabela.

Os “alvi-negros” em Tete frente ao Chingale, por 1-2, e os “locomotivas” em Maputo diante do Costa do Sol, por 0-1. Foi uma tarde em cheio para a família “canarinha”, não é? Mas o que consola os dois é que continuam colados no comando com 47 pontos e por sinal na próxima jornada ambos jogam em casa.

Se no topo houve choramingos, cá na cauda houve festa, pois alguns dos aflitos subiram alguns degraus com destaque para o Textáfrica e Chingale que se livraram (momentaneamente?) dos lugares de sufoco, quer dizer, os de despromoção. Mas vamos aos resultados: o Maxaquene, que matematicamente ainda sonhava com o título, sucumbiu (1-2) diante da Liga Muçulmana, que ontem regressou às vitórias depois da saída do Professor Neca.

O Matchedje foi a Lichinga empatar sem abertura de contagem, enquanto o Textáfrica arrecadava três preciosos pontos (3-2) frente ao já despromovido, mas aguerrido, Ferroviário de Nacala. Os “locomotivas” beirenses enterraram cada vez mais os seus homónimos de Nampula (1-0). A HCB veio a Maputo empatar com o aflito Atlético Muçulmano.

A próxima ronda contempla os encontros Desportivo-Atlético Muçulmano, HCB-FC Lichinga, Matchedje-Ferroviário de Nacala, Textáfrica-Liga Muçulmana, Maxaquene-Ferroviário da Beira, Ferroviário de Nampula-Costa do Sol e Ferroviário de Maputo-Chingale.

Vou iniciar pelo derby da jornada 24 da Liga Nacional que pos frente-a-frente o Costa do Sol e os Locomotivas de Maputo.

Costa do Sol, 1-Fer. Maputo, 0: Ruben, quem mais


O Costa do Sol entrou bastante pressionante. Colocou todo o seu arsenal virado para a baliza de Muhamed e criou sempre espaços vazios, aproveitando, muito bem, a velocidade pelos flancos de Josimar, Marufo, Tó e, por vezes, Silvério. Ruben aparecia nas costas e era o verdadeiro “maestro”. Era ele que rodopiava e abria espaços vazios com aqueles seus pezinhos de lã, mas de grande obreiro. Dito, era o outro jogador que aparecia em cunha, ficando Mambo para as compensações no grande círculo. João, Kito e Jonas eram autênticos bombeiros, com o segundo a ir sempre à “racha”.

O Ferroviário tremia. Danito Parruque enchia o campo, bem secundado por Hagy. Mas era Mendes que dava mais nas vistas com alguns rasgos individuais que faziam vibrar os adversários. Na frente estava a dupla Luís/Jerry a tentar as penetrações. Mas os espaços estavam tão fechados que nem uma agulha podia penetrar. Na retaguarda, Tony comandava a defensiva, onde Jotamo, Zabula e Fredy não permitiam brincadeiras.

O Costa do Sol sempre que fosse ao ataque o fazia com muito perigo. E numa dessas subidas, aos 28 minutos, Ruben - este grande jogador! – penetrou pela esquerda. Levantou a cabeça. Viu que os companheiros estavam ligeiramente atrasados. Arriscou com um remate/cruzamento em arco. A bola, na trajectória, embateu no pé de um defesa e rapidamente mudou de direcção, traindo, deste modo, o guarda-redes. Era verdadeira festa “canarinha”.

O Ferroviário foi à busca da igualdade. Mendes, inconformado, foi a todas e por duas vezes obrigou Antoninho a defesas de recurso. O mesmo Antoninho evitou um golo certo com um mergulho espectacular à segunda tentativa, a tirar a bola da ponta da bota de Mendes.

No reatamento, viu-se apenas o Ferroviário sufocou o adversário. Mas há que ter em conta que o Costa do Sol jogava o que lhe convinha, porque sabia que estava em vantagem e tinha que ter muitas cautelas para não permitir o empate. Nalguns casos, embora de forma exagerada, os seus jogadores simularam lesões para ganharem tempo. Aqui, questiona-se ao árbitro: afinal para que servem os cartões que leva no bolso?

A dupla Luís/Jerry não atinava como de costume. Chiquinho Conde injectava sangue novo e acenava constantemente para que a bola fosse rapidamente transportada para a área contrária.

João Chissano respondia também com algumas substituições, sendo a que mais produziu efeitos, a de Artur Comboio, que com a sua experiência, veio controlar o meio-campo do lado direito.

Já na ponta final, Josimar entrou na área. Levantou a bola para a zona dos braços de Jotamo. O público reclamou penalte. Terá existido? Julgamos que o árbitro estava ali pertinho e decidiu por aquilo que viu.

Mas a história estava escrita: o Costa do Sol iria ganhar por 1-0. E… ganhou mesmo!

Chingale, 2 – Desportivo, 1 : Mavô, quanto mais velho mais saboroso fica

O certo é que o veterano avançado torturou Secanhe até limites inadmissíveis quanto penosos. E foi numa dessas torturas que Mavô passou por Secanhe, galgou bons metros como se fosse um menino e perante a saída desesperada de Marcelino inaugurou o marcador. Estavam jogados 28 minutos.

O Desportivo não se aquietou. Pelo contrário, forçou ainda mais o ataque, empurrando o Chingale para a sua própria grande área. Foi nesta toada que os “alvi-negros” ganharam três cantos consecutivos, sendo que no terceiro o esférico foi desviado por um defesa tetense sobre a linha de golo. E, aos 34 minutos, quando se aguardava pelo empate, Mavô voltou a desgraçar Secanhe isolando-se, perdendo o duelo a favor de Marcelino aos 47 minutos.

O Desportivo iguala o marcador por Mexer, que saltou à vontade na grande área cabeceando sem hipóteses para Jaime, depois de um canto cobrado à direita.

A segunda parte abriu com Binó a rematar torto, quando tinha tudo para desempatar a contenda. No ataque seguinte, Muandro desviou sem direcção após um cruzamento perigoso do enérgico Zainadine Jr.

O Desportivo continuou a pressionar, colocando muitos jogadores no terreno adversário. Incómodo mesmo continuava a ser Mavô, ainda que na segunda metade tenha tido em Mexer um opositor à altura do seu nível. Aos 72 minutos, Hagy é desmarcado à direita, batendo os defesas “alvi-negros” em velocidade, e bateu Marcelino sem dó nem piedade, fixando o resultado final.

Os pupilos de Semedo não se conformaram. Assaltaram o meio-campo do Chingale, que apostava em tudo para manter o resultado, incluindo o recurso a antijogo. Nelson ainda teve a igualdade nos pés, mas rematou fraco para a defesa de Kingsley, que entrara para o lugar do lesionado Jaime.

Ferroviário de Nacala, 2 – Textáfrica, 3: Atrás do prejuízo

Foi correndo atrás do prejuízo que o Textáfrica saiu ontem, do campo 25 de Junho, com os três pontos. Mesmo sem dominar o adversário, os “fabris” sempre reagiram depois de sofrer um golo.

A histária do jogo resume-se, aliás, a uma segunda parte com cinco golos e a uma péssima arbitragem. O primeiro aviso foi mesmo do Ferroviário de Nacala que, só não saiu com melhor resultado porque permitiu sempre que o adversário lhe surpreendesse.

Camate, aos 54 minutos, depois de um belíssimo trabalho individual, na ala esquerda do seu ataque, rematou forte para as malhas laterais que, no entanto, estavam furadas. A bola ficou dentro da baliza e o público gritou golo mas não era.

Aos 57 minutos, Romão inaugura o marcador para os nacalenses, mas três minutos depois o Textáfrica reage bem e chega à igualdade, só que o árbitro Filimão Filipe invalida o golo alegando posição de fora-de-jogo que, quanto a nós, não existiu.

A pressão dos “fabris” de Chimoio foi crescendo e os donos da casa já queriam defender-se do magro 1-0. Foi assim que Italó fez a igualdade. Só assim os “locomotivas” viram que afinal era preciso continuar a jogar de igual para igual e aos 79 minutos Dulá fez o 2-1.
Correndo mais uma vez atras do prejuízo, o Textáfrica foi atacando mais e numa dessas jogadas o dianteiro Tume deixa-se cair dentro da área e o árbitro aponta a marca de penalte que sinceramente não existiu. Estava feito o empate por intermédio de Corado aos 86 minutos.

Já por cima dos 90 regulamentares Italó bisou para o golo da vitária numa fífia da defensiva do Ferroviário.

Liga Muçulmana, 2 – Maxaquene, 1: Liga volta respirar

A vitoria da Liga Muçulmana sobre o Maxaquene, mostrou que estao acordados e que pretendem lutar pelo tituolo. Em duas ocasiões, em que o Maxaquene se deu mal na defensiva, os “muçulmanos” carimbaram a vitória que lhes permitiu encurtar a distância que lhes separa da liderança partilhada pelo Desportivo e Ferroviário de Maputo.

O Maxaquene não mereceu este descalabro, mas acabou pagando caro pelos erros que cometeu, a começar com a oferta de Kiki a Vling, uma demonstração de falta de capacidade técnica, ao travar o esférico para o adversário que, encostado à esquerda da grande área, atirou forte para o ângulo oposto, sem hipóteses de defesa para o guarda-redes Soarito. Decorriam 36 minutos.

O Maxaquene acusou de início a incapacidade de colocar a bola sobre os seus atacantes, nomeadamente Hélder Pelembe e Liberty, bem vigiados pela tripla de centrais Aguiar, Marito e Sulemane. Enquanto isso, a Liga Muçulmana aproveitou a velocidade dos seus alas, muito pelo corredor esquerdo, onde estava posicionado Vling, muito bem apoiado por Sulemane, que apareceu muitas vezes a despejar as bolas para a área, obrigando a defensiva “tricolor” a grandes intervenções para repelir o perigo.

Com este esforço, a Liga Muçulmana conseguiu, por algumas vezes, lançar as suas “flechas”, designadamente Massitana e Maurício, contra o “keeper” Soarito, que não esteve nos seus melhores dias. Precipitou-se nas saídas e numa delas acabou sendo antecipado por Maurício, que fez o segundo para o infortúnio dos “tricolores”.

A Liga sentiu alguma tranquilidade, mas imediatamente posta em causa quando, naquilo que foi a jogada mais vistosa dos “tricolores” na primeira parte, Jumisse, inclinado à direita da grande área, atirou a visar em cima dos 45 minutos.

O jogo foi deste modo relançado e, no regresso para a segunda, o Maxaquene assumiu uma nova postura: muita velocidade na circulação da bola e movimentação das suas pedras com olhos para a baliza de Lama. Com esta forma de estar, os “tricolores” ganharam a luta no meio -campo e a defensiva foi chamada para grandes intervenções. O “central” Marito, uma das pedras elementares na defensiva “muçulmana” foi forçado a cometer algumas faltas, mas não houve melhor aproveitamento do livre batido junto à linha limite da grande área.

Todo o batalhão “tricolor” havia se atirado para o ataque e muitos remates surgiram, com realce para aqueles “tiros” de Hélder Pelembe e por Mustafá. Mas a história estava escrita e o golo de empate não apareceu até ao apito final.

Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)


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