terça-feira, 25 de agosto de 2009

Taça de Moçambique/mcel: Costa do Sol, Atlético Muçulmano, Ferroviário de Maputo e da Beira, passam para meias-finais

O fim-de-semana que findou esteve reservado aos jogos da Taça de Moçambique/mcel, onde se realizaram 4 jogos. A tarde de domingo, foi uma maravilhosa jornada dos quartos-de-final, cujo epílogo nos trouxe o seguinte: a qualificação de quatro formações que militam no Moçambola-2009, nomeadamente, Costa do Sol, Atlético Muçulmano, Ferroviário, todos de Maputo e Ferroviário da Beira, que jogavam na condição de visitantes. Extremamente fácil do que se esperava foi a goleada dos “canarinhos” no caldeirão do Chiveve, diante do Têxtil do Púnguè (4-1), numa partida em que se registaram dois penaltes, um para cada lado. Quando se augurava que o clube do povo beirense fosse fazer vida negra ao Costa do Sol, eis que este puxou dos seus galões e se impôs com clarividência, construindo um triunfo que não deixa margem de dúvidas para ninguém. Embora sofrendo e acabando por vencer tangencialmente (1-0), Ferroviário de Maputo e Atlético Muçulmano da Matola, não quiseram deixar os seus créditos por mãos alheias. Os campeões nacionais de Chiquinho Conde, levaram à vila de Xinavane uma multidão de adeptos que foi rever o histórico campo do Incomáti, que neste caso serviu de terreno do Clube de Gaza. Com Arnaldo Salvado, no banco técnico três meses depois, findo o castigo que lhe havia sido imposto pela Liga Moçambicana de Futebol, o Atlético Muçulmano mostrou que pretende defender o título que detém na Taça de Moçambique até às últimas consequências. Os “muçulmanos”, uma vez mais, passaram na capital do norte diante do Ferroviário de Nampula, que perdeu uma oportunidade de se redimir face à medíocre campanha que está a realizar no Moçambola. No campo do Desportivo de Tete, o equilíbrio foi tal que obrigou os atletas a jogarem durante 120 minutos, sem que, no entanto, se encontrasse um vencedor, entre HCB de Songo e Ferroviário da Beira. No recurso às grandes penalidades, os beirenses tiveram a pontaria mais afinada, ganhando por 4-2.

Clube de Gaza, 0 – Fer. Maputo, 1

O Ferroviário de Maputo, teve dificuldades para se impor na tarde de domingo, no campo do Incomáti, em Xinavane, frente ao Clube de Gaza, mas acabou por vencer por uma bola sem resposta, suficiente para se manter firme na segunda maior prova futebolística do país, a Taça de Moçambique/mcel. Muitas contrariedades o Ferroviário encontrou. Primeiro foi o estado do piso, que me pareceu ter sido regado momentos antes do jogo e depois foi o próprio adversário que apareceu, contra todas as previsões, muito aguerrido e com alguma juventude à mistura a querer demonstrar que tem futuro nesta modalidade, principalmente Gregório, que bem acompanhado e com trabalho de fundo pode vir a ser um “mamba”. O Ferroviário muito cedo quis assumir o comando do jogo, mas pela frente encontrou um adversário bastante atrevido e sem nenhum complexo. Aliás, os gazenses criaram muitas dores de cabeças aos pupilos de Chiquinho Conde. Jerry e Luís, a dupla atacante dos “locomotivas”, não encontravam espaço para as penetrações frente a uma defensiva bem estruturada e segura. A primeira jogada de grande perigo aconteceu aos 12’, quando Jerry escapuliu-se da marcação dos defesas, mas no momento do remate deixou-se cair. Mas quem estremecia os homens mais recuados do Gaza era Joca, esse jovem promissor do futebol moçambicano, que em grande velocidade batia os adversários com alguma facilidade, tal como aconteceu aos 15’, quando viu o seu remate a ser desviado para canto. O Clube de Gaza respondia em contra-ataques rápidos, mas que morriam nas mãos do guarda-redes Mahomed. Em dois momentos seguidos o Ferroviário esteve à beira de marcar. Luís (30’) e Jerry (36’), este último de cabeça, viram o guarda-redes Mário a negar-lhes o golo, desviando sucessivamente o esférico para canto.

Jotamo, aos 44’ rematou forte por cima. À beira do intervalo Gregório por pouco calava os muitos adeptos do Ferroviário. E numa dessas ocasiões até foi travado em falta sobre a linha limite da grande área, na qual desperdiçaram o livre.
No reatamento, Chiquinho Conde regressou com Momed no lugar de Maurício. O meio campo dos “locomotivas” teve outra dinâmica. E finalmente, o golo apareceu aos 12’. Joca, de fora da área, desferiu um portentoso remate. A bola, na trajectória, bateu na cabeça dum defesa e ganhou altura, anichando-se num ângulo difícil de defesa. O guarda-redes até certo ponto terá sido traído, porque até vinha acompanhando a jogada, que à primeira vista parecia inofensiva. Já na ponta final, o Clube de Gaza recompôs-se, mas não teve força suficiente para virar o rumo dos acontecimentos. Chiquinho Conde ainda teve tempo para refrescar a equipa com as entradas de Whisky e Tchaka.

Têxtil do Púnguè da Beira, 1-Costa do Sol de Maputo, 4 - Supremacia “canarinha”

Um desafio sem muito para contar. O que vingou, no domingo, no campo do Ferroviário da Beira foi de facto, a supremacia do Costa do Sol, pois o Têxtil de Púnguè bateu-se duro, sobretudo na primeira parte, mas acabou cedendo na segunda, ante um adversário bastante experiente e com outras qualificações no mundo do futebol. Se, ao longo dos primeiros 45 minutos, foi o conjunto da casa que demonstrou logo de início vontade de querer ir longe nesta segunda maior competição futebolística, na segunda parte, a situação mudou completamente, com os forasteiros a conseguirem lograr os seus intentos.
Aos 37’, os beirenses poderiam ter chegado ao golo, mas Mauro não foi suficientemente hábil para bater o guardião Abú. A seguir, e numa jogada de contra-ataque, aos 40’, Tó fez o primeiro golo para os visitantes.
No reatamento, o Costa do Sol empenhou-se mais no ataque e, fruto disso, chegou ao segundo golo, aos 85 minutos, por intermédio de Mambo, na transformação de uma grande penalidade. Depois do golo, os “fabris” acusaram ainda mais a responsabilidade do jogo e “perderam” a cabeça, entregando o jogo ao adversário, que marcou mais dois golos, por intermédio de Tó e de Vasil.

Quando tudo indicava que o resultado seria de 4-0, eis que, numa jogada de contra-ataque, um defensor “canarinho” toca a bola com a mão, tendo prontamente o juiz apitado para a grande penalidade, que Brean Dean converteu sem problemas.

Fer. Nampula, 0-Atlético Muçulmano, 1

Foi com o espírito do querer e do saber que o Atlético Muçulmano venceu por uma bola sem resposta o Ferroviário de Nampula. Os visitantes sofreram logo no início uma grande pressão atacante do adversário, que aos 30 segundos ganha um livre indirecto no enfiamento da grande área, que, na marcação perfeita do malawiano Gomez, não deu em golo porque apareceu em momento oportuno o jogador Mouka a aliviar para canto. Este foi apenas um simples aviso à navegação e um abanão que os “muçulmanos” da Matola tiveram que aguentar, basicamente toda a primeira parte.
Os treinados pelo malawiano Cannok Munde encurralaram o adversário no seu meio campo e com alguma facilidade chegavam à baliza de Samito. Foi assim que, aos 4’, poderiam ter chegado ao golo, quando Gomez deixa dois contrários pelo caminho e perigosamente cruza rasteiro e atrasado para o interior da área, para um defensor aliviar para canto, com o risco de fazer um auto-golo.

Diga-se, em abono da verdade, o domínio territorial e táctico que o Ferroviário exercia durante quase toda a primeira parte pecava apenas no aspecto da concretização das oportunidades de golo criadas, enquanto o Atlético respondia e chegava de quando em vez à baliza de Zacarias a partir de remates à meia distância, que, mesmo assim, não causavam calafrios aos “locomotivas”. E foi nessa altura que se viu a primeira jogada de perigo engendrada pelo Atlético, que culminou com um “tiraço” de Patrício a roçar a trave.

A segunda metade veio marcar uma realidade diferente em relação à produção das duas equipas, altura em que o Atlético se assenhoreou do jogo e bastaram 7 minutos para fazer o golo, por intermédio de Patrício, que agradeceu a bola oferecida por Zeid, disparando vitoriosamente para o fundo da baliza de Zacarias, aos 52’.
O Ferroviário tentou responder, no minuto seguinte, mas o cabeceamento de Zuma, na sequência de um cruzamento da direita do seu ataque, foi insuficiente para marcar o golo da igualdade. Eboh, aos 55’, e Danito Nhampossa, aos 58’, desperdiçam oportunidades que poderiam ter avolumado o “score”, assim como Patrício de fazer o “bis”, aos 74’, com o seu remate a ser devolvido pela trave. Foi um período ascendente dos “muçulmanos”, ante um Ferroviário que lutava para conseguir o golo da igualdade e talvez forçar um prolongamento, situação que não chegou a ocorrer até ao final da partida.

HCB de Songo (1), 2-Fer. Beira (1), 4

Sem nenhuma grande penalidade falhada e com o seu guarda-redes Rockssana a defender com classe o remate de Amílcar, após um outro desperdiçado pelo seu colega Dangalira, o Ferroviário da Beira fez festa em Tete, perante a HCB de Songo, numa partida em que as equipas entraram com características diferentes: os donos da casa mais ofensivos e os forasteiros pautando pela contenção do esférico e a progredir quando fosse possível. Face à pressão contrária, a turma de Mussá Osman, após 20’, começou a abrir brechas no seu meio campo, permitindo a subida dos “locomotivas”, que dominaram o jogo e por diversas vezes estiveram próximos de inaugurar o marcador.

Na segunda parte, o Ferroviário surgiu ainda mais determinado e a pressionar sem tréguas a HCB, um tanto ou quanto fragilizada. Aos 55’, os beirenses viram o seu esforço compensado, com Óscar a fazer o golo, depois de receber o esférico num lance que envolveu os seus colegas Tony e Timbe, com destaque para este último que, depois de passar por Mucuapene, foi até à linha do fundo para desmarcar Óscar.

Com a pressão, a HCB desbobinou um futebol mais inteligente, aproveitando os deslizes do adversário, pois este começou a reter a bola no seu meio campo, em sinal claro de defender o resultado que lhe era favorável. Só que, aos 82’, numa jogada de contra-ataque, os tetenses conseguiram levar o esférico até à área contrária, para, numa autêntica confusão aí gerada, Amílcar atirar para o golo. Os jogadores da Beira tentaram concentrar-se junto ao árbitro assistente, reclamando uma deslocação de Amílcar, mas sem sucesso, pois o árbitro validou o golo.

As duas equipas foram mais cautelosas, procurando “queimar” o tempo e desse modo forçar o prolongamento. E assim aconteceu, mas os 30’ transcorreram com a igualdade a prevalecer.
Nas grandes penalidades, Antoninho colocou a HCB a ganhar, para Óscar empatar. Seguiu-se Dangalira, que atirou por cima do travessão, tendo, por sua vez, Ninito feito o 1-2 para os beirenses. Depois foi Amílcar, permitindo uma defesa com classe do guarda-redes Rockssana, para Sérgio e Nené fazerem o resultado final.

Quadro de resultados dos quartos-de-finais da Taça de Moçambique/mcel

Clube de Gaza, 0 – Fer. Maputo, 1 (Joca, 12’)
Têxtil do Púnguè da Beira, 1-Costa do Sol de Maputo, 4 (Brean Dean, 92’; Tó, 40’ e 87’, Mambo, 85’, Vasil, 90’ )
Fer. Nampula, 0-Atlético Muçulmano, 1 (Patrício, 52’)
HCB de Songo (1), 2-Fer. Beira (1), 4 (Amílcar, 82’; Óscar, 55’)

Jogos das meias-finais

As meias-finais da Taça de Moçambique/mcel estão marcadas para 3 e 4 Outubro, curiosamente, na capital do país, Maputo, e com os grandes Costa do Sol e Ferroviário de Maputo a servirem de anfitriões. Os “canarinhos” irão jogar com o Atlético Muçulmano da Matola e os “locomotivas” terão pela frente o Ferroviário da Beira.


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Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)


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