terça-feira, 11 de agosto de 2009

Moçambola-2009: Liga Muçulmana vence e continua líder

Liga Muçulmana ganha e sobe para 40 pontos. Desportivo vence e passa a somar 39. Ferroviário de Maputo empata e fica-se pelos 37. Costa do Sol, cada vez mais atrasado, não passa da igualdade e está nos 33 pontos. Um quadro interessante no topo do Moçambola-2009 e decorridas 19 jornadas, o dente por dente continua e a incerteza quanto ao desfecho da prova mantém-se, crescendo assim a expectativa em relação à ponta final, que promete muita luta e surpresas à mistura. Antevia-se vida complicada no caldeirão do Chiveve, mas a Liga Muçulmana derrotou o Ferroviário da Beira por 1-0. Um resultado que lhe permitiu conservar o comando isolado da prova, nesta etapa duríssima da sua carreira, senão vejamos: defrontou o Desportivo, com o qual perdeu por 1-0, na passada terça-feira, jogou agora na Beira, na próxima jornada terá pela frente o Costa do Sol e fecha o mês de Agosto em Tete, perante o Chingale. Em relação aos outros fortes concorrentes ao título, apenas o Desportivo ganhou na recepção ao Textáfrica (1-0), enquanto Ferroviário de Maputo e Costa do Sol não foram além de empates diante do Atlético Muçulmano e do “lanterna vermelha” Ferroviário de Nacala, respectivamente, por 1-1. Subida vertiginosa teve a HCB de Songo mercê do seu triunfo (1-0) em Nampula sobre o Ferroviário local e derrotas sofridas pelo Maxaquene e pelo Ferroviário da Beira, mesmo resultado de 0-1, frente ao Matchedje e à Liga Muçulmana. O outro representante de Tete no Moçambola-2009, o Chingale, também ganhou nesta jornada: 1-0 ao FC Lichinga, com quem discute os lugares a seguir à linha da despromoção.

Ferroviário de Maputo, 1-Atlético Muçulmano da Matola, 1

Numa tarde em que Jerry ( apelidado “rato”) esteve em branco, o Ferroviário de Maputo acabou empatando com o Atlético Muçulmano da Matola, que fez um jogo inteligente perante uma “locomotiva” que não soube aproveitar as diversas oportunidades que teve. O Ferroviário assumiu deste modo cedo o favoritismo, face a uma perfeita circulação de bola e a uma brilhante actuação de Momed Hagy no miolo do terreno. Jerry desperdiçou soberbas oportunidades de visar a baliza defendida por Samito. Volvidos alguns minutos Luís antecipou vitoriosamente à saída de Samito, para travar um centro projectado pela direita. O Atlético foi despertando à medida que o tempo ia passando, actuando com frieza e determinação, sobretudo depois do lance em que Eboh, após sofrer falta à entrada da área, rematou a roçar o poste. Patrício, o único ponta-de-lança de raiz, não tinha muito espaço de manobra diante do quarteto defensivo liderado pelo “capitão” Jotamo. Em duas situações de golo evidente, Jerry não demonstrou a arte que tem de fazer golos. Na primeira, precipitou-se perante a saída de Samito e o “chapéu” que tentou desenhar saiu à balão, desperdiçando um belo trabalho de Luís. Na segunda, também com o guarda-redes pela frente, embrulhou-se com Samito, quando tinha tempo para atirar. Com este cenário, o Ferroviário acabou pagando caro, aos 62', na sequência de um pontapé de canto, em que o médio Délcio foi às alturas cabecear para o travessão, tendo Patrício finalizado. Patrício, por pouco, dava vitória aos “muçulmanos”, numa outra jogada de contra-ataque em que foi projectado em velocidade. Lançou um forte remate para uma defesa espectacular de Mohamed.

Fer. Beira, 0-Liga Muçulmana, 1: Um jogo, três histórias

O líder do Moçambola teve uma entrada fulgurante e uma actuação brilhante durante a primeira parte, dando mostras de que cedo queria resolver as coisas a seu favor, tendo por isso se lançado ao ataque, criando muitas oportunidades de golo, mas a pecar na finalização. O golo surgiu aos 25', por intermédio de Maurício, que concluiu da melhor forma um cruzamento de Masitara. Depois do golo, o Ferroviário tentou reagir, mas de forma desconexa, até ao intervalo. Já na etapa complementar, os treinados de Akil Marcelino apareceram mais adultos, depois do “puxão” de orelhas no balneário, passando a jogar de forma aberta, criando inúmeras oportunidades de golo. Aos 73', Tony, depois de uma luta com um defensor, levou à melhor e bateu de forma categórica o guardião Binó, mas o juiz auxiliar Januário Pastola invalidou o golo, alegando fora-de-jogo. Decisão bastante contestada pelos beirenses (banco técnico, dirigentes e massa associativa). O certo, porém, é que esta situação levou a que no final o quarteto de arbitragem saísse do campo escoltado.

Desportivo, 1-Textáfrica, 0

O Desportivo Maputo poderia ter goleado o Textáfrica de Chimoio, se não fosse a ineficácia dos dianteiros Aníbal e Binó, bastante perdulários quando solicitados a fazer o remate final. O jogo teve praticamente uma só direcção, a baliza do guarda-redes Minguinho. Artur Semedo apostou num futebol ofensivo, misturado com movimentos rápidos e criativos de Muandro, Mexer, Nelinho e Nelson, que cedo ganharam a batalha no miolo do terreno e orquestraram jogadas perigosas na área adversária. O técnico brasileiro do Textáfrica, Alex Alves, não respondeu da melhor forma à disposição “alvi-negra”, povoando o seu próprio meio-campo, estratégia que permitia que a bola permanecesse longo período em zonas próximas da baliza defendida por Minguinho. Nesta disposição, o Desportivo ganhou ascendente e aí Aníbal mostrou como não se faz. Rematou torto em duas ocasiões flagrantes para inaugurar o marcador. Aos 26', ficou cara-a-cara com Minguinho e rematou para a defesa do “keeper”. Artur Semedo não gostava das imagens que observa e trocou Matlombe por Binó, aos 34'. Saído do banco, Binó abriu o activo na primeira oportunidade clara de golo, em cima do intervalo. No regresso, adivinhava-se uma reacção do conjunto forasteiro. Mas nada disso aconteceu. Binó entrou em cena para auxiliar Aníbal no desperdício de golos certos. O jogo terminou com a turma da capital moçambina a defender a magra vantagem.

Costa do Sol de Maputo, 1-Fer. Nacala, 1

O Costa do Sol de Maputo, não ganha um único jogo há cinco jornadas. No sábado, quando todos acreditavam que tinha a missão facilitada, eis que, depois de um susto causado pelo golo de Dulá aos 45 (+4) minutos, conseguiu empatar aos 65, por intermédio de Ruben. O Ferroviário de Nacala sabia que teria pela frente um Costa do Sol nervoso, daí que preferiu encarar o jogo de peito aberto, à espera de erros alheios que acabaram surgindo ao longo da partida. Os “canarinhos” até entraram bem. Dominaram o jogo durante os 20 minutos iniciais, mas os nacalenses conseguiram sacudir essa pressão. Quando jogava-se o quarto minuto do período de compensação chegaram ao golo. Foi um golo algo caricato, pois surgiu na sequência de um canto directo marcado por Dulá, com a bola a descrever um arco até “beijar” as malhas. O Costa do Sol saiu desta forma para o intervalo a perder, daí que se esperava muito dos seus jogadores na etapa complementar, para que no mínimo empatassem a partida. E foi exactamente o que se viu: um Costa do Sol mais pressionante e adulto, com Josimar e Ruben a terem boas combinações, mas não havia a devida finalização quer por Tó quer por Marrufo. E acabou sendo o próprio Ruben a empatar aos 65 minutos, completando um passe de Félix, que acabava de entrar para o lugar de Dito. Chegou-se a acreditar que seria um golo que empurraria o Costa do Sol a lutar pela vitória, mas não passou de uma simples ilusão.

Fer. Nampula, 0-HCB, 1

A agonia vai se apossando cada vez mais dos adeptos do Ferroviário de Nampula. No Domingo, apesar das inúmeras oportunidades criadas, o golo não aconteceu. E, como no futebol vale o adágio popular “quem não marca, arrisca-se a sofrer”, os nortenhos experimentaram esse dissabor. A iniciativa atacante pertenceu à HCB, mas os “locomotivas” conseguiram assentar o seu jogo, com Hipo, no meio-campo, a ser simultaneamente o recuperador e organizador, mercê da sua pujança. Foi assim que, aos 20', o Ferroviário poderia ter chegado ao golo quando Gomes, na pequena área e na disputa com um contrário, vê o seu remate rechaçado na linha do golo, com o “keeper” já batido. Esta jogada galvanizou a turma treinada pelo malawiano Cannok Munde, que passou a pressionar a zona intermédia do adversário, mas foi a HCB a chegar novamente ao golo, por intermédio de Sérgio, quanto a mim mal anulado, por alegado fora-de-jogo. Na segunda metade, o Ferroviário entrou endiabrado. Aos 51' surgiu o golo. Eládio cabeceou com êxito para o fundo das redes de Zacarias, dando vitória à turma tetense. Mesmo em desvantagem, os “locomotivas” não baixaram os braços. Como resultado desse domínio territorial, Zuma, aos 57', executa um pontapé livre que roça o poste direito da baliza de Chico. Aos 62', Hipo vê um potente remate seu a ser defendido com algumas dificuldades pelo guarda-redes.

Maxaquene, 0-Matchedje, 1

Embora a partida tenha sido no reduto dos “tricolores”, foi a claque militar que, animada pela sua banda, fez vibrar o recinto ao longo da mais de hora e meia da contenda. O primeiro sinal de perigo dos “militares” foi dado aos 8' pelo central Cufa, que, à entrada da grande área, desferiu um portentoso remate a que Soarito correspondeu com uma defesa brilhante. Os “tricolores”, que denotavam muitas dificuldades de construir uma jogada com princípio, meio e fim, responderam por Kito que, do meio da rua, levou o esférico a passar a poucos centímetros acima da trave. No entanto, os comandados de Nacir Armando davam indicações claras de que estavam dispostos a lutar pela vitória e, em contra-ataques, iam dando um ar da sua graça. Num desses lances, Cufa surge em boa posição e cabeceia forte para uma intervenção arrojada de Soarito para canto. Na sequência deste, eis que surge o golo do Matchedje, por intermédio de Cufa, aos 17 minutos, que se aproveitou muito bem de uma saída em falso do guarda-redes para com o pé direito fazer a bola se anichar nas malhas. Enfurecidos, os adeptos do Maxaquene clamavam pelo golo, algo que poderiam ter visto volvidos 3' se Rafael tivesse tido mais frieza. Este lance veio estimular os “tricolores”, que a pouco e pouco iam assumindo as rédeas do jogo. Aos 31, tal ficou evidente com Artur Faria a deixar a bola passar por entre as pernas, quando nas suas costas tinha o avançado Nito, que prontamente ganhou o esférico e seguiu para a baliza, tendo sido, já dentro da pequena área, carregado pelo mesmo Artur Faria. Era uma oportunidade preciosa para o Matchedje aumentar o “score”, mas Zico encarregado de bater o penalty, fê-lo sem força e colocação, permitindo uma defesa fácil do “keeper”. A reacção “tricolor” foi nula até ao intervalo, tendo na mesma toada se desenrolado a segunda parte. Na segunda parte, só por uma vez o Maxaquene incomodou o guarda-redes Victor, que acabou tendo uma tarde sossegada.

MOÇAMBOLA-2009: Quadro de resultados da 19ª jornada e classificação actual

Fer. Beira - Liga Muçulmana (0-1)
Desportivo - Textáfrica (1-0)
Fer. Maputo - Atlético Muçulmano (1-1)
Costa do Sol - Fer. Nacala (1-1)
Maxaquene - Matchedje (0-1)
Fer. Nampula - HCB de Songo (0-1)
Chingale - FC Lichinga (1-0)

J V E D B P
1º LIGA MUÇULMANA 19 13 1 5 28-9 40
2º Desportivo 19 11 6 2 18-9 39
3º Fer. Maputo 19 11 4 4 30-13 37
4º Costa do Sol 19 9 6 4 24-10 33
5º HCB de Songo 19 7 7 5 12-12 28
6º Maxaquene 19 7 6 6 15-13 27
7º Ferroviário da Beira 19 6 8 5 12-9 26
8º Matchedje 19 7 5 7 12-14 26
9º Atlético Muçulmano 19 5 8 6 9-11 23
10º FC Lichinga 19 6 4 9 14-27 22
11º Chingale 19 5 6 8 16-20 21
12º Ferroviário de Nampula 19 3 7 9 9-16 16
13º Textáfrica 19 4 3 12 16-17 15
14º Ferroviário de Nacala 19 2 3 14 8-35 09

Próxima Jornada (20ª)

SÁBADO
Atlético Muçulmano-Fer. Nampula
Liga Muçulmana-Costa do Sol

DOMINGO
Matchedje-Textáfrica
HCB de Songo-Maxaquene
FC Lichinga-Fer. Maputo
Fer. Nacala-Chingale
Fer. Beira-Desportivo

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Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)

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