segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Moçambola - 2009: 20ª jornada: Liga Muçulmana descarrila e compartilha pontos com o Desportivo. A tarde de sábado foi bastante negra para as equipas m

No novo campo do Maxaquene, em Maputo, a Liga Muçulmana baqueava frente ao Costa do Sol de Maputo, no outro terreno do Maxaquene, o da baixa, o Atlético, era rasteirado pelo Ferroviário de Nampula, pelo mesmo resultado de 1-0. Mas a grande novidade desta 20ª jornada foi a consagração do Desportivo como novo líder, apesar de ter os mesmos pontos da Liga Muçulmana (40), mas com vantagem no confronto directo. Quem deve estar surpreso é Nacir Armando, que sofreu a bem sofrer, ao ver o seu Matchedje a ser vulgarizado em pleno Estádio da Machava pelo atrevido Textáfrica de Chimoio, por 0-2. Os “alvi-negros” e os “locomotivas” da capital do país não conseguiram desfeitear os seus opositores, nomeadamente o Ferroviário da Beira e o FC Lichinga, terminando ambos os encontros sem abertura de contagem. Aliás, os aflitos (Ferroviários de Nampula e de Nacala e o Textáfrica), curiosamente os de abaixo da linha de água, ganharam nesta vigésima ronda e continuam a travar uma luta acesa pela sua manutenção. Outro que surpreendeu pela positiva é o Maxaquene, que foi a Tete arrancar três preciosos pontos diante do HCB de Songo, por uma bola sem resposta, trocando inclusivamente de posição na classificação com este mesmo adversário.

Liga Muçulmana de Maputo, 0 – Costa do Sol de Maputo, 1 - Consagrem o grande Ruben

O futebol quando é bem jogado até dá gosto de ver, tal como aconteceu na tarde de sábado no campo do Maxaquene, no embate entre a Liga Muçulmana e o Costa do Sol, com esta última equipa a desbobinar um fio de jogo doutra galáxia e com Ruben a ser um verdadeiro maestro e tocar todos os instrumentos com aquele seu genial pezinho esquerdo e bem apoiado por Josimar. Ruben era um verdadeiro diabo à solta e enchia todo o campo, ora aparecendo pela esquerda, ora pela direita ou pelo centro a criar dores de cabeça a todo o “mundo”. Os golos é que faltavam para completar a festa de futebol que se assistia. O primeiro grande perigo aconteceu logo aos 10’, quando Silvério, outro que está a fazer-se um grande jogador, atirou contra a base do poste de Binó, com este já praticamente batido. A Liga Muçulmana, treinado pelo português, professor Neca, não era mera espectadora. Maurício ia a todas, bem apoiado por Misitara que brigava com os seus adversários a recorrerem, em alguns casos, a faltas para o travarem. Carlitos enchia o meio-campo. Mas quem tem Ruben, tem tudo. O pequeno/grande jogador dissipou todas as dúvidas quando apontou o único tento da partida, a corresponder a uma defesa defeituosa de Binó. O segundo tempo foi mais interessante ainda com a Liga a ir a todas e a procurar, a todo custo, do tento da igualdade que nunca mais apareceu. Diga-se em abono da verdade que os “muçulmanos” não tiveram aquela vivacidade a que nos habituaram e continuam sem conseguir bater os chamados grandes.

Fer. Beira, 0-Desportivo,0 - Faltou futebol!

Não houve futebol. Centenas de amantes do desporto-rei no final da partida, na cidade da Beira, entre o Ferroviário local e o Desportivo de Maputo, que terminou empatada a zero bola, ficaram decepcionados. Tal tinha a sua razão, pois durante os 90 minutos nenhuma das equipas demonstrou clareza e alinhamento táctico suficiente para sair com os três pontos em disputa, embora raras vezes o tenham feito. Saiu primeiro a equipa de Artur Semedo e desde logo deu mostras de que pretendia algo mais que um simples empate, produzindo jogadas de perigo junto à baliza de Gervásio mas a pecar na finalização, particularmente por parte de Bino e Aníbal, os dois homens confiados para marcarem golos. O Ferroviário só conseguiu sair do sufoco à entrada do minuto 10, mas Tony e Cláudio não conseguiram dar sequência a jogadas vindas da intermediária, perdendo a oportunidade de golo, o mesmo que aconteceu aos 20’ quando este último voltou a falhar a intercepção a uma bola que lhe fora bem direccionada por Nené. No reatamento as coisas melhoraram significativamente para os locais, pois passaram a jogar de forma mais aberta, criando muitas oportunidades de golo que foram sendo esbanjadas pelos atacantes ante uma grande prestação da defensiva “alvi-negra” onde Mexer era o patrão mandando tudo e todos. O combinado da capital do país também teve algumas jogadas de realce mas nem as substituições efectuadas conseguiram dar a volta à falta de engodo pela baliza e muito menos foram aproveitadas as oportunidades de golo criadas.

Matchedje, 0-Textáfrica, 2 - “Fabris” como peixes na água

Como peixe na água, foi como o Textáfrica, se apresentou domingo, no Estádio da Machava, diante do Matchedje de Maputo, que acabou vencendo por 0-2. Os “fabris” parecem dar-se bem com os ares do vale do Infulene. É que na sua segunda visita à “cadetral” do futebol moçambicano triunfaram quando nada fazia prever, tal como tinha acontecido na terceira jornada quando vieram ganhar ao campeão nacional, o Ferroviário de Maputo, curiosamente pela mesma marca (2-0). Esta vitória funcionou como um “balão de oxigénio” para os comandados de Alex Alves, visto que mantiveram-se na luta pela manutenção. A julgar pela forma como se exibiu, pode-se dizer que o Textáfrica merece, na próxima época, permanecer entre a nata do futebol nacional. Devido as boas combinações de César e Ítalo, que os “fabris” chegaram ao primeiro golo. Ângelo com um passe de mais de 20 metros, lançou César, este solto de marcação, centra tenso para a pequena área e Ítalo finaliza. Estavam jogados 21’. Era o corolário da excelente reacção demonstrada pela equipa “fabril”, que até tinha tido um início algo atordoado, período em que o Matchedje poderia, inclusive, ter aberto o marcador por Nito. A bola andava sempre junto a uma das balizas. Até à meia hora verificaram-se cinco claras oportunidades de golo, três das quais pertenceram aos “militares”, que, no entanto, se mostravam incapazes de bater Minguinho, guarda-redes do Textáfrica, que esteve inspirado. A segunda parte ficou marcada pela expulsão de Cufa, a castigar uma entrada violenta sobre Ítalo.




Nacir Armando via-se obrigado a fazer adaptações numa altura em que a sua equipa procurava chegar ao empate. Os “militares” acusaram muito a saída do defesa central. Reflexo disso é a quebra de rendimento. Aos 15’ do final da partida chegaram ao 2-0 por intermédio de Custódio. O Matchedje ainda tentou o golo de honra quando Zico cabeceou à trave. A tarde era mesmo do conjunto visitante que voltou a sair do Estádio da Machava num ambiente de festa.

Atlético Muçulmano, 0 – Fer. de Nampula, 1

Os nampulenses foram muito determinados e objectivos desde o primeiro até ao último minuto da contenda, razão pela qual este triunfo é lhes totalmente merecido. Os “muçulmanos” começaram por perder a batalha no meio-campo, onde ficaram contraídos e sem grandes chances de chegar com tranquilidade ao reduto dos “locomotivas”. Por outro lado, foram forçados a abrir brechas que permitiram aos nampulenses descer com facilidade para a baliza defendida por Samito. Aliás, a defensiva nampulense foi impecável, daí que o ponta-de-lança Patrício não teve espaço de manobra entre os “centrais” Matofe e Duda. Os atacantes “locomotivas” Leonel e Gome, estavam mais soltos e não tardou que, nos minutos iniciais, surgisse o tento que carimbou a sua vitória, numa das subidas em que o “capitão” Elídio centrou para o desvio subtil e rasteiro de Leonel, a bater categoricamente Samito. Na verdade, não vimos aquela ousadia que o Atlético teve diante do Ferroviário de Maputo, na jornada anterior. Mesmo assim, deu algumas vezes nas vistas e, em duas situações consecutivas falhou bater Zacarias, a começar naquele lance de livre de longe da grande área por Nelito, para o desvio de cabeça do capitão Délcio, que saiu por por cima do travessão. De seguida, foi Eboh que estremeceu a baliza “locomotiva”, com um tiro quase a roçar o poste, aproveitando a falha dos “centrais”, aos 25’. Os “locomotivas” responderam com duas investidas também consecutivas. A primeira foi levada a cabo por Duda, na marcação de um livre próximo da grande área, obrigando Samito a uma defesa de recurso, aos 29’. Porém, escapou naquela falha de intercepção de Gome, desperdiçando a belíssima assistência de Rodjas. Na segunda parte vimos um Ferroviário de Nampula mais defensivo e um Atlético que, em vez de ensaiar lances bem elaborados, foi projectando o esférico para a área. Os muçulmanos, arrancou algumas oportunidades, nomeadamente um fogoso remate de Délcio da meia-lua, para a atenção de Zacarias, e uma falha incrível de Danito Nhampossse na boca da baliza, cabeceando desenquadrado com os postes. Minutos seguintes, Ngoni, descaído à direita, fez um arco bem medido para o lado contrário, onde Patrício, com o guarda-redes pela frente, não soube que fazer com o esférico. Acabou sendo substituído pelo também atacante Madeira que, por sua vez, arrancou um portentoso remate cruzado já no período de compensação, mas devolvido pela muralha defensiva junto da pequena área.

HCB de Songo, 0 -Maxaquene, 1 - Triunfo merecido

A equipa “tricolor” encontrou dentro do rectângulo de jogos um HCB muito complexado, sem nenhum fio de jogo, com jogadas de bola ao ar e sem nexo e, como a equipa visitante possui um lote de jogadores com uma estatura alta, todas as jogadas ofensivas da HCB terminavam na entrada da grande área onde estava montada uma forte barreira “tricolor” comandada por Faria, um defesa central com excelentes qualidades técnicas e tácticas. Foi este homem que comandou todas as operações para desfeitear as jogadas ofensivas da turma da Hidroeléctrica de Cahora-Bassa. Logo de início pareceu que a HCB estava decidida a somar mais três pontos, pois, pela sua maneira de jogar e mantendo a bola sempre ao meio-campo do adversário, tudo indicava para uma decisão mais ofensiva por forma a sufocar o Maxaquene, o que não aconteceu, porque depois dos 20 minutos tudo virou. A equipa visitante, depois do período do estudo mútuo, começou a subir de rendimento e como corolário desta pressão, aos 28’, Pelembe recebeu a bola dos pés de Jumisse, passou por Muacapele, correu e cruzou com boa medida para o peito de Liberty, que dominou e, em forma de meia volta, já no interior da grande área na zona de marcação da grande penalidade, chutou por cima do travessão. Era o aviso de que o Maxaquene não vinham a Tete para brincadeiras. Numa jogada de contra-ataque, a HCB foi até ao meio-campo do Maxaquene, Eládio endossou a bola a Gito, na entrada da grande área, que rematou para uma excelente defesa de Soarito. A HCB, com o seu jogo ao ar, conseguia passar o meio-campo, mas não ia mais além. Foi num contra-ataque no minuto 42 que surgiu o golo do Maxaquene, uma vez que o esférico saiu da defesa, dos pés de Faria, em passes curtos para Mustafa, que atravessou a linha do meio-campo lançando para Liberty que fintou Antoninho e Venâncio, correu até ao fundo da linha e cruzou para a pequena área, onde Pelembe antecipou-se de Sergito e desviou para o interior das malhas sem hipóteses para o guarda-redes Chico. Estava tudo decidido. Veio o segundo tempo com a HCB um pouco mais agressiva, muito atrevida na tentativa de inverter o resultado, mas o Maxaquene estava de olhos bem abertos e não queria deixar o ouro nas mãos do bandido, procurou de todas as maneiras e formas tapar as brechas por onde os pupilos de Mussa Ossman tentavam penetrar para criarem situações desagradáveis na zona mais recuada dos “tricolores”. O jogo terminou sem grande história.

Moçambola-2009: Quadro de resultados e classificação actual

Atlético Muçulmano - Fer. Nampula (0-1)
Liga Muçulmana - Costa do Sol (0-1)
Matchedje - Textáfrica (0-2)
HCB de Songo - Maxaquene (0-1)
FC Lichinga - Fer. Maputo (0-0)
Fer. Nacala - Chingale (1-0)
Fer. Beira-Desportivo (0-0)

1º DESPORTIVO 40 pontos
2º Liga Muçulmana 40 pontos
3º Fer. Maputo 38 pontos
4º Costa do Sol 36 pontos
5º Maxaquene 30 pontos
6º HCB de Songo 28 pontos
7º Ferroviário da Beira 27 pontos
8º Matchedje 26 pontos
9º Atlético Muçulmano 23 pontos
10º FC Lichinga 23 pontos
11º Chingale 21 pontos
12º Ferroviário de Nampula 19 pontos
13º Textáfrica 18 pontos
14º Ferroviário de Nacala 12 pontos

Próxima Jornada (21ª)

Desportivo - Matchedje
Textáfrica - HCB
Maxaquene - Atlético
Fer. Nampula - FC Lichinga
Fer. Maputo - Fer. Nacala
Chingale - Liga Muçulmana
Costa do Sol - Ferroviário da Beira

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Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)

Foto: JN

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