segunda-feira, 3 de março de 2008

História do FUTSAL em Portugal - 8º capítulo



8º Capítulo - ASSEMBLEIA HISTÓRICA ABRE PORTAS AO FUTSAL

Na última semana falei sobre os preparativos para o abandono do Futebol de Salão, por parte de 174 Clubes, muitos deles a três jornadas de serem campeões, a tarefa não era fácil, no entanto o método utilizado veio a revelar-se o mais eficaz.
Na verdade apesar dos Dirigentes da AFSP terem uma forte expectativa relativamente ao Futsal, o facto de primeiro terem reunido com os clubes no Hotel Tuela e só uma semana mais tarde reunirem em Assembleia-geral, permitia uma grande reflexão de todos e sobretudo uma maciça presença de todos os clubes no momento da decisão.
Durante toda a semana, todos os dirigentes da AFSP, não deram qualquer entrevista sobre o tema em discussão e desenvolveram uma forte actividade no sentido de tentar ter o maior número de Clubes na Assembleia-geral.
Foram dadas instruções a todos no sentido de evitarem falar com os Dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol de Salão, para se evitar qualquer polémica.
No entanto na reunião de Direcção que antecedeu a Assembleia-geral Extraordinária, alguém levantou a seguinte questão:
O Eduardo Pinto vai dizer na Assembleia que teve uma reunião com o Presidente da FIFA João Havelange acordando com ele todo o processo de início do movimento do Futsal em Portugal, mas e se alguém da plateia questiona, como é que pode provar que esteve reunido com o Presidente da FIFA, pois apesar da credibilidade do Eduardo Pinto na modalidade, estamos a falar numa decisão histórica e não sabemos se os detractores, que nestas alturas aparecem sempre, o vão questionar com este tipo de questões.
Fiquei perplexo, na verdade, quem é que poderia acreditar que um dirigente como eu, tinha estado reunido com o Presidente da FIFA, a maior instituição desportiva do Mundo e acordado com ele o que quer que seja.
Não parei, comecei de imediato a falar para todo o lado à procura do paradeiro do Presidente da FIFA, estávamos no dia 17 de Marco de 1991, a 6 dias da Assembleia, e na manhã do dia seguinte consegui apanhar João Havelange no Brasil, lá lhe expliquei o meu problema, sendo naturalmente entendido por ele que me descansou, dizendo-me que iria fazer chegar por escrito a existência do nosso acordo.
A partir desse dia, todos os dias ia ao correio, mas nada, no entanto no dia 21 de Março a dois dias da Assembleia, recebi uma carta da FIFA, com o seguinte texto: Prezado Presidente Eduardo Pinto. Antes de deixar Zurich com destino ao Rio de Janeiro queria dizer-lhe do prazer que tive em conhecê-lo e felicitá-lo pelo trabalho que desenvolve a favor do futebol de 5 "Futsal".
Com referência ao seu convite para assistir no dia 09.06 do seu Torneio no Porto, há um problema que me preocupa da minha chegada a Lisboa vindo de Londres, pois chegarei nessa data a Lisboa às 17.30 pelo voo BA-502.
Assim lhe pediria que verificasse uma outra ocasião para que eu possa ter contacto com a sua Associação.

Se com a chegada desta carta, fiquei completamente aliviado, um novo problema surgia, a Federação Portuguesa de Futebol de Salão, começou a contactar directamente com os Clubes inscritos na Associação do Porto, convidando-os para uma reunião a realizar no Hotel Tuela, no dia 22 de Março, ou seja na véspera da Assembleia-geral. Apesar de me preocupar as aldrabices que mais uma vez os dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol de Salão pudessem transmitir aos meus filiados, decidi retirar-me na sexta-feira para fora do Porto, para não só não resistir à tentação de ir a essa reunião, mas sobretudo para poder preparar a minha intervenção no Sábado seguinte.
Chegou finalmente o dia 23 de Março de 1991, pelas 8 da manhã lá cheguei ao Auditório da Direcção Geral dos Desportos, fazendo questão de receber um a um todos os clubes que viriam participar na Assembleia.
Com direito a voto, existiam na altura 99 clubes. Apesar de termos pedido para que todos os Clubes se representassem por um único dirigente, quase toda a gente veio em peso para a Assembleia, esgotando por completo, pela primeira vez na história da modalidade o espaço disponível.
Após o formalismo do acto, estávamos numa Assembleia-geral, o Presidente deu a palavra a Eduardo Pinto para defender a proposta apresentada pela Direcção da Associação de Futebol de Salão, que consistia no abandono da filiação da Associação de Futebol de Salão do Porto da Federação Portuguesa de Futebol de Salão bem como de dar início à constituição da Federação Portuguesa de Futsal.
Rezam as crónicas da altura, de muitos Dirigentes de Clubes que nesse dia, para bem do Futsal, estive simplesmente "imparável", apresentando cuidadosamente todos os elementos que dispunha, dividindo a minha intervenção em duas fases, a primeira, de explicação da situação actual do futebol de salão em Portugal e no Mundo e de seguida, na defesa de todos os pontos de vista, com apresentação de factos concretos, sobre o movimento do Futsal que nascia pelo mundo inteiro.
Após a primeira intervenção pedi ao Senhor Presidente da Mesa da Assembleia para dar a para a todos aqueles que tivessem qualquer dúvida sobre os dados apresentados, na certeza de que muitos deles tinham sido inflamados pelos dirigentes da Federação na noite anterior.
A estratégia veio a revelar-se eficaz, após a minha primeira intervenção, a maioria dos filiados congratularam-se com a minha postura e dedicação à frente dos destinos da Associação, começando alguns deles a proferir autênticos disparates teleguiados pelos dirigentes da Federação.
Na segunda intervenção comecei a apresentar os factos e a todos aqueles que duvidavam da minha reunião com o Presidente da FIFA, distribui cópia da carta recebida, a todos aqueles que afirmavam, que o Futsal não existia no Mundo, entreguei o I Livro de Futsal, emitido pela Confederação Brasileira de Futebol de Salão a maior estrutura do Mundo da modalidade e a todos aqueles que duvidavam da abertura da FIFA à modalidade, distribui cópia do acordo celebrado entre a Confederação Brasileira de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol de Salão.
Após a minha segunda intervenção que demorou cerca de 1,30 horas, obtive uma primeira grande vitória, a esmagadora maioria dos presentes, de pé, aplaudiram a minha intervenção, num sinal claro de apoio às minhas posições.
De seguida passou-se à votação, com 93 votos a favor e 3 contra, numa demonstração inequívoca do apoio às novas ideias do Futsal. Eduardo Pinto, agradeceu o voto de confiança de todos e dirigindo-se aos três clubes que votaram contra, Associação Moradores do Carvalhido, Grupo Desportivo os Académicos, Santa Cruz F.C. e Praia-Mar, pediu-lhes para que na segunda-feira seguinte, fossem os primeiros clubes a inscreverem-se no I Open de Futsal, sendo relevante confirmar-se que na segunda-feira seguinte, estes Clubes foram na verdade dos primeiros a inscreverem-se na competição, sintomático.
Por hoje é tudo, na próxima semana vou falar das repercussões da decisão tomada, bem como dos primeiros passos que o Futsal deu em Portugal.
Eduardo Pinto
Pedro Costa - Treinador de Futsal

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2 comentários:

  1. HOLA SOY UN APASIONADO DEL FUTBOL Y HE ESTADO VIENDO TU BLOG, YO TENGO OTRO Y HE PENSADO QUE PODIAMOS INTERCAMBIAR LINKS, EL MIO ES http://pacharanblanquiazul.blogspot.com/

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  2. Hola! Tudo bien?
    Si claro, voy a poner lo teu link.

    Saludo!

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