segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MOÇAMBOLA-2009: 21ª jornada - Águia com plumas de pavão, isola-se no topo

Águia com plumas de pavão, firme, determinada e isolada no comando do Moçambola-2009. Uma liderança conquistada com brio e de forma extraordinária pelo Desportivo de Maputo, que pedra a pedra vão construindo o seu castelo e com uma vantagem de 2 pontos sobre o segundo classificado. Entre os 4 primeiros da frente e sérios candidatos ao título, a 21ª jornada do Campeonato Nacional somente foi madrasta para a Liga Muçulmana, dado que os outros 3 ganharam.

Para além do Desportivo, o Ferroviário de Maputo também venceu (1-0), no Estádio da Machava, ao “lanterna vermelha”, Ferroviário de Nacala. Renascido para a lição, o Costa do Sol desfeitou o aguerrido Ferroviário da Beira (3-0) devido a obra e exibição do mais alto nível. Em festa está, pois, este triunvirato, contrastando com a melancolia da Liga Muçulmana, que sofreu um duro revés nas suas contas, ao perder diante do Chingale por uma bola sem resposta.
Está bastante interessante a escadinha dos números, senão vejamos: Desportivo 43 pontos, Ferroviário 41, Liga Muçulmana 40 e Costa do Sol 39, numa altura em que estes concorrentes ao título se preparam para um renhido frente-a-frente, na próxima jornada, compreendendo os embates Costa do Sol-Desportivo e Liga Muçulmana-Ferroviário.

A seguir aos quatro surge um Maxaquene que, apesar das complicações frente ao Atlético Muçulmano acabou vencendo (1-0), mesmo resultado obtido nos desafios Textáfrica-HCB de Songo, a favor dos “fabris” da Soalpo, e Ferroviário de Nampula-FC Lichinga, para os de Niassa, numa ronda que não se registou empates e à excepção dos “canarinhos” que marcaram três tentos, todos os outros vencedores fizeram-no por uma bola sem resposta.

Costa do Sol, 3-Fer. Beira, 0 - Este canário é mesmo um regalo!

Quem olha para a face dos adeptos do Costa do Sol, hoje, não tem rigorosamente nada a ver com aquela que apresentavam há algumas jornadas. A mágoa e o desgosto foram substituídos por largos sorrisos, até porque a esperança em relação ao título renasceu e vai ganhando cada vez mais consistência. Não foram apenas os três golos que expressaram a magnificência da turma de João Chissano, mas também a sua exuberante exibição, numa tarde em que as suas estrelas realmente cintilaram.

A entrada do Costa do Sol foi autenticamente demolidora. Não quis oferecer tempo ao adversário para este pensar e se organizar, conhecida a ratice de Akil Marcelino e seus pupilos. Até porque os “canarinhos” guardavam más recordações dos beirenses. Vai daí o incessante fulminar da baliza à guarda de Gervásio, com Tó, Marrufo, Ruben, Josimar e Silvério a baralharem por completo a retaguarda contrária.


Fechando toda a zona à volta da grande área, de forma a evitar as infiltrações dos tecnicistas “canarinhos”, pois com a bola nos pés são grandes desequilibradores, os “locomotivas” saíam bem da sua retaguarda, usando com frequência o flanco direito, através do estratega Barrigana. Porém, as solicitações ao perigoso atacante Tony não produziam o efeito desejado, uma vez que Jonas, sobretudo este, e Kito, se encarregavam se secá-lo por completo.
Se até aqui, para os beirenses, tudo se desenrolava a contento, contando ainda com o auxílio do árbitro, que lhes perdoou duas grandes penalidades, a expulsão de Barrigana, aos 40’, na sequência de uma entrada muito feia sobre Dito, veio ditar o início do calvário, pois, por um lado, a equipa perdeu um elemento importante no eixo atacante, e, por outro, o Costa do Sol, 5’ depois, abriu o activo, por intermédio de Tó.

O bom futebol foi sendo premiado com golos, no início do segundo tempo. Silvério, o melhor entre os 22, aumentou o “score”, para depois Kito, na sequência de uma extraordinária desmarcação pela direita e de um remate fulminante fechar com chave de ouro.

Fer. de Maputo, 1 – Fer. de Nacala, 0 - Pesou a mão dos deuses

O Ferroviário de Maputo continua a enfrentar sérios problemas de finalização e numa altura em que a luta pela pontuação é bastante renhida, com os “pequenos” a se tornarem cada vez mais perigosos para os “grandes”.É caso para dizer que os “locomotivas” tiveram que recorrer aos deuses para saírem ontem vitoriosos diante do seu homónimo de Nacala, no Estádio da Machava.
Os “locomotivas” voltaram a cometer erros de palmatória ao desperdiçarem inúmeras oportunidades, com Jerry a acusar, mais uma vez, falta de destreza perante as diversas solicitações para bater o guarda-redes Cláudio, que foi um verdadeiro “gato” nos postes. Cláudio foi um verdadeiro obstáculo para o campeão, mas este acabou sendo bafejado pela sorte com o tento de Luís, aos 66’.

Esta foi uma partida bastante sofrida para os adeptos do Ferroviário de Maputo e muito mais para o timoneiro dos “locomotivas”, Chiquinho Conde, que aventava uma solução rápida, temendo situações idênticas àquelas por que passou nas duas últimas jornadas, empate diante do Atlético Muçulmano e FC Lichinga respectivamente. Porém, todos os esforços foram por água abaixo, pois as oportunidades eram desaproveitadas no eixo do ataque.
Assistimos a um Ferroviário pouco atrevido, apesar de maior posse de bola e ter estado maior parte de tempo a jogar no reduto do adversário. Associado a estes factos está a falta de frieza dos atacantes naquelas oportunidades próprias para finalizar, sobretudo Jerry, que nestes últimos jogos tem estado a baixar de forma.

Mesmo assim, não faltaram jogadas de realce nas quais o guarda-redes Cláudio foi um autêntico super-homem. O mais destacado de todos foi aquele em que Luís, no centro da grande área, atirou à “queima-roupa” para a defesa incompleta do “keeper” nacalense. Foi à recarga, mas Cláudio defendeu novamente para canto, aos 37 minutos.

Antes do intervalo, o Ferroviário de Nacala não produziu uma jogada de realce. Na segunda metade, os “locomotivas” de Nacala fecharam-se muito na defensiva, partindo em contra-ataques que também não encontraram maior espaço face à reacção da defensiva contrária. Continuaram a jogar da mesma forma durante o intervalo, até à altura em que Luís antecipou-se do guarda-redes Cláudio, desviando com êxito o centro de Mendes.
Com este deslize, os nacalenses viram-se na obrigação de se abrir e tentarem chegar ao golo, mas o Ferroviário ficou mais atento e anulou as suas investidas. Face a este esforço, obrigaram os caseiros a cometer algumas faltas próximo da grande área, mas mal aproveitados.

Desportivo, 1- Matchedje, 0 - trunfo sai do banco

Sonito, que muitas vezes foi vaiado pelos adeptos “alvi-negros”, por prestações menos conseguidas, passou na tarde de sábado de vilão a herói, ao apontar o golo solitário que deu o triunfo ao Desportivo sobre o Matchedje, por 1-0. Estava decorrida a meia hora da segunda parte a massa associativa desesperava.

O tempo ia se escasseando e o grosso das pessoas que ocorreram ao Estádio 1º de Maio já prognosticava um empate. Mas o que não sabiam é que minutos antes, Semedo tinha lançado um jogador que acabou sendo uma verdadeira “arma secreta” que na segunda vez que tocou na bola colocou-a no fundo da baliza à guarda de Victor após um excelente golpe de cabeça a corresponder um cruzamento de Secanhe. De certa forma o golo de Sonito veio colocar justiça no marcador visto que até então o Desportivo era o team que mais tinha feito para violar as malhas contrárias.


Os “alvi-negros” tiveram sempre o domínio do jogo, embora em alguns momentos tenham cedido terreno aos “militares” que a meio da primeira parte chegaram a pregar um enorme susto à baliza de Marcelino quando Chana e Edmundo em apenas um minuto levaram a bola a embater no travessão. De resto, a turma “alvi-negra” que se viu desprovida de dois jogadores fundamentais, nomeadamente o médio centro, Nelson e o lateral direito, Josué, não deu muitos espaços de manobra a equipa de Nacir Armando.

Com Mexer de volta ao eixo da defesa e Zainadine adaptado a defesa direito, os comandados de Semedo souberam dar conta do recado apesar de em alguns períodos.
Foi com Matlombe em campo que os “alvi-negros” dispuseram do primeiro lance de perigo. Muandro tem uma brilhante arrancada. Flecte para o meio e desfere um portentoso remate fazendo com que o esférico passe a rasar o poste. Muandro, Sonito e Aníbal foram os mais rematadores da equipa. Já Binó, substituído na segunda parte, pela figura do jogo, Sonito, deu muito trabalho a defesa “militar” que se ressentiu muito da falta de Cufa, a cumprir castigo.
Esta partida acabou sendo marcada por algumas cenas desagradáveis com os adeptos do Desportivo a insurgirem-se veementemente com um dos auxiliares por este não ter alertado o árbitro sobre agressão a Mexer. O certo é que a partida esteve interrompida cerca de três minutos porque o árbitro auxiliar que se queixava de lhe ter sido arremessado um objecto pedia maior protecção junto ao árbitro principal, Bernardino dos Santos, que lhe convenceu a voltar ao trabalho.

Ferr. de Nampula, 0 – FC de Lichinga, 1 - Consternação total em Nampula

Consternação total, foi o que se sentiu nos adeptos próximos ao Ferroviário de Nampula que ontem foram em número razoável ao estádio 25 de Junho para apoiar a equipa da casa até que o árbitro do encontro apitou pela última vez na partida em que o Futebol Clube de Lichinga ganhou por uma bola sem resposta, deitando assim por terra algumas esperanças da equipa nampulense continuar na prova máxima do nosso futebol, o Moçambola do próximo ano.
Com um início atípico nos dois conjuntos que desceram para o relvado com as mesmas intenções de conquistar os 3 pontos em disputa, face ao posicionamento de ambos na tabela classificativa que não é muito cómoda, particularmente para o Ferroviário, que está abaixo da linha de água, foi esta mesma equipa que teve a iniciativa de ataque, sem no entanto conseguir concretizar em golos.

Com responsabilidades menos acrescidas, mas jogando na mira dos três pontos, o FC de Lichinga respondia às investidas contrárias com ataques rápidos, aproveitando a velocidade dos seus homens mais adiantados, nomeadamente Cássimo e Clemente que deram muito trabalho à defensiva “locomotiva”.

Disputando-se numa toada de equilíbrio, surgiu o golo e único da partida, pertença a equipa forasteira. Na execução de um pontapé de canto pela ala direita do seu ataque, efectuado com precisão por Maninho para o interior da área, onde aparece Nando Macie, aos 15’, a saltar mais alto que todos e com um cabeceamento violento e bem colocado, introduz o esférico no fundo das malhas do “keeper” “locomotiva” que não podia fazer mais que assistir o lance.
O golo do Futebol Clube de Lichinga espevitou a ansiedade dos locais, que forçados a correr atrás do prejuízo, não tiveram concentração suficiente de traduzir em golo as oportunidades que criaram. Aos 29’, Gomez, viu o seu remate a ser devolvido pela trave da baliza à guarda de Valério que foi chamado a entrar em acção aos 40’, numa jogada em que o “locomotiva” Nando poderia fazer melhor, ao contrário de chutar para uma defesa do guardião contrário, mantendo o resultado até ao final da primeira parte.

No reatamento do encontro, o Ferroviário de Nampula entrou transfigurado e aos 51’ poderia ter chegado ao golo de empate, na cobrança de um livre à entrada da área dos homens de Lichinga que é executado por Zuma com uma perfeição impecável e uma defesa incompleta de Valério e na recarga Gomez, próximo da linha de golo, remata, mas instantaneamente aparece um defensor a desviar para canto.

Aliás, o Ferroviário foi completamente dono do jogo durante quase toda a segunda metade, com o FC de Lichinga a responder com ataques rápidos e que poderiam dar em golo. Aos locais faltaram inteligência, principalmente, Leonel, que andou perdido e deixou a sua equipa perder uma oportunidade de sair do campo com uma vitória.

Maxaquene, 1-Atlético, 0 - Jumisse: cabeça não só serve para pensar

O Atlético Muçulmano da Matola, que anda carente de resultados, entrou bem para o jogo. Encostou momentaneamente o adversário no seu meio reduto, mas pecava por excessivas trocas de bola sem que o esférico fosse encaminhado lá para a frente, junto à baliza de Soarito. O Maxaquene, por seu turno, jogava muito na contenção, trocando também excessivamente o esférico o que irritava os seus adeptos, que precisavam que a equipa reagisse e consiguisse os golos da tranquilidade.

O primeiro tempo foi medíocre. Tirando um e outro lance, o espectáculo esteve aquém das expectativas. Há a registar apenas nesta etapa o remate de Patrício e de Liberty.
O Maxaquene reapareceu no segundo tempo mais acutilante a remeter o Atlético no seu meio campo e a criar oportunidades claras de golo, que não eram bem aproveitadas pelos atacantes, até que aos 69 minutos Macamito, depois de uma jogada engendrada pela esquerda, Macamito vê o seu remate a ser devolvido por Baúte. Na recarga, Jumisse, muito bem, veio a dizer que a cabeça não só serve para pensar como também para marcar golos. Assim estava feito o primeiro e único tento do encontro. O Atlético que até então andava perdido reagiu, mas não foi a tempo de igualar o encontro.

MOÇAMBOLA-2009: Quadro de resultados e classificação actual

Desportivo, 1-0, Matchedje (Sonito, 75’)
Textáfrica, 1-0, HCB de Songo (Tume, 20’)
Maxaquene, 1-0, Atlético muçulmano da Matola (Jumisse, 69’)
Fer. Nampula, 0-1, FC Lichinga (Nando Macie, 15’)
Fer. Maputo, 1-0, Fer. Nacala (Luís, 66’)
Chingale, 1-0, Liga Muçulmana de Maputo
Costa do Sol, 3-0, Ferroviário da Beira (Tó, 45’, Silvério, 53’ e Dito, 38’)

J V E D B P
1º DESPORTIVO 21 12 7 2 19-9 43
2º Fer. Maputo 21 12 5 4 31-13 41
3º Liga Muçulmana 21 13 1 7 28-11 40
4º Costa do Sol 21 11 6 4 28-10 39
5º Maxaquene 21 9 6 6 17-13 33
6º HCB de Songo 21 7 7 7 12-14 28
7º Ferroviário da Beira 21 6 9 6 12-12 27
8º Matchedje 21 7 5 9 12-17 26
9º FC Lichinga 21 7 5 9 15-27 26
10º Chingale 21 6 6 9 17-21 24
11º Atlético Muçulmano 21 5 8 8 9-13 23
____________________________________________________________________
12º Textáfrica 21 6 3 12 19-17 21
13º Ferroviário de Nampula 21 4 7 10 10-17 19
14º Ferroviário de Nacala 21 3 3 15 9-36 12

Devido ao embate dos “Mambas” contra o Quénia, no próximo domingo, dia 06 de Setembro, no Vale do Infulene, a contar para a quarta jornada de qualificação para CAN e Mundial de 2010, o campeonato sofrerá uma paragem, regressando no fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro.

Próxima Jornada (22ª)

HCB - Matchedje (0-1)
Atlético - Textáfrica (0-1)
FC Lichinga-Maxaquene(0-1)
Fer. Nacala-Fer. Nampula(1-0)
Liga Muçulmana-Fer. Maputo (0-1)
Fer. Beira-Chingale (3-1)
Costa do Sol-Desportivo(0-0)


“Operação Quénia” entra na ordem do dia

A “Operação Quénia” entra hoje na ordem do dia. Desde ontem à noite concentrados no Hotel Rovuma, os “Mambas” iniciam esta tarde, no campo do Costa do Sol, a preparação com vista ao grandioso e decisivo embate do próximo domingo, no Estádio da Machava, para a quarta jornada do Grupo “B” de qualificação para CAN e Mundial de 2010.
Vinte e dois futebolistas foram convocados por Mart Nooij para a primeira etapa de preparação, que compreenderá treinos bidiários até quinta-feira, pois na sexta e no sábado os “Mambas” apenas cumprirão uma sessão.

A lista dos 22 convocados técnico holandês para defrontar os quenianos é a seguinte:

Guarda-redes – Kampango, Binó e Lama.
Defesas – Paíto, Mexer, Dário Khan, Mano, Miro, Whisky e Campira.
Médios – Simão, Dominguez, Josimar, Genito, Momed Hagy, Danito Parruque e Mustafá.
Avançados – Tico-Tico, Dário Monteiro, Gonçalves, Jerry e Hélder Pelembe.

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Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)


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