quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Liga dos Campeões : Resultados da 4ª jornada - Sporting faz história ao apurar-se para os Oitavos. FC Porto vence na raça D.Kiev e volta a sonhar

Derlei selava histórica qualificação do Sporting

Cheque-mate português no duelo com os ucranianos neste quarta jornada da Liga dos Campeões, e que bem soube. O Sporting fez dupla vitória com o Shaktar, enquanto o FC Porto vingou a derrota no Dragão há 2 semanas vencendo em Kiev por 1-2, garantindo desde já vantagem no confronto directo pela qualificação para os oitavos.

A duas jornadas do fim da fase de grupos, o Sporting carimbou o passaporte para os oitavos-de-final da Champions. E até pode aspirar em ficar em primeiro lugar... à frente do Barcelona. Foi um feito histórico (nunca antes os leões tinham atingido esta fase) e Paulo Bento já se pode gabar de ter feito melhor que os seus antecessores. Esta conquista do Sporting não é importante apenas em termos desportivos, pois o apuramento para os oitavos-de-final vai permitir à SAD do Sporting encaixar cerca de 9,5 milhões de euros, ou seja, o mesmo valor que foi gasto esta época no reforço do plantel. Quer isto dizer que os reforços estão pagos.

Quanto ao Porto tinha três cenários em aberto, perder e ficar definitivamente arredado da Champions, empatar e ficar dependente de terceiros ou vencer e ficar com autonomia de decisão do seu futuro. Pois bem, as três hipóteses estiveram presentes neste jogos em Kiev, prevalecendo a vitória portuguesa e a quebra de um ciclo de 3 derrotas consecutivas.

Sporting 1-0 Shakhtar: Derlei saltou do banco para fazer história...

Derlei rematava para o golo

Derlei assinou o cheque de pelo menos 9,5 milhões de euros que o Sporting já ganhou na Liga dos Campeões deste ano – 2,2 dos quais como prémio de passagem para os oitavos-de-final. O brasileiro começou o jogo com o Shakhtar no banco e de lá saiu aos 69’. Aos 73’ marcava o único golo de uma vitória histórica, pois é a primeira vez que a equipa de Alvalade passa a fase de grupos na prova, somando ainda a vitória 500 de equipas portuguesas na Europa.

Mas nem tudo foram rosas neste triunfo. Aliás, a primeira parte foi cheia de espinhos. E tudo por culpa própria. Sabendo que estavam a apenas uma vitória de conseguir um feito histórico, os leões permaneceram adormecidos durante 45 minutos, sem garra nem atitude, permitindo que pairasse no ar o fantasma de uma surpresa. Paulo Bento inovou na equipa, deixando Romagnoli de fora e colocando Miguel Veloso no onze titular. João Moutinho teve a oportunidade de jogar na sua posição preferida, a de número 10, mas foi alvo de uma marcação cerrada de Fernandinho.

O Shakhtar surgiu atrevido, com os dois laterais em constantes subidas no apoio ao meio-campo e ataque. Os primeiros cinco minutos foram de leão, com Postiga a mostrar as garras e a provocar alguns sobressaltos. Mas foi só. O meio-campo do Shakhtar começou a empurrar o jogo para perto da área de Rui Patrício, que ainda apanhou alguns calafrios. E foi preciso esperar até aos 45’ para que o Sporting tivesse a primeira grande oportunidade, num lance confuso que terminou com um remate de Izmailov desviado para as malhas laterais.

Foi um novo Sporting que regressou dos balneários, muito por culpa do despertar de Liedson, que voltou a ser o “chato” que tão bem conhecemos. O Levezinho correu mais, pôs mais vezes o pé e pressionou a defesa do Shakhtar. A equipa foi com ele e começou a trocar melhor a bola. E até de Barcelona vinham boas notícias, com o golo de Messi, que abria uma auto-estrada para os oitavos-de-final. Paulo Bento deu mais uma mãozinha, lançando Derlei para o lugar de Postiga. E o Ninja, que em Vila do Conde deixou a equipa em maus lençóis ao ver dois amarelos num minuto, fez as pazes com os adeptos, ao concluir da melhor forma uma jogada fantástica de Izmailov.

A história do jogo e da época europeia do Sporting ficou escrita neste instante, aos 73’. De Barcelona, chegava a notícia do empate do Basileia. Mas já pouco ou nada contava. A duas jornadas do fim da fase de grupos, o Sporting está na segunda fase da Liga dos Campeões.

Dinamo de Kiev 1-2 FC Porto: Vitória da raça e do querer...

Lucho celebra vitoria com colegas

Um dragão de raça voltou a ser feliz na Ucrânia, onde nunca perdeu nas competições europeias. Deu a volta ao jogo, mostrou ser melhor do que o Dínamo de Kiev e conseguiu um triunfo justo e moralizador.

Três jogos depois, o FC Porto regressa às vitórias, dá uma pirueta no gelo, mostra a raça das grandes noites. Relança-se na corrida aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, evidencia fibra, estofo e coragem. A equipa nunca desistiu. Esteve a perder por 1-0, teve garra para empatar e deu a cambalhota nos descontos. Lucho González faz o 1-2, depois de muito sofrimento, depois do Dínamo de Kiev colocar o dragão sob brasas. O resultado é inteiramente justo e faz entrar a equipa nos eixos, é um bom suplemento anímico, a gasolina para fazer arrancar um motor potente mas que esteve a trabalhar em baixas rotações. Em vésperas da visita ao terreno do Sporting, para a Taça de Portugal, os azuis e brancos respiram de alívio.

Vukojevic marcava para o Dinamo Kiev

Tal como estava previsto, Jesualdo Ferreira recuperou Helton para a baliza. Mas o técnico surpreendeu, ao colocar Pedro Emanuel a defesa esquerdo e a lançar Tarik às feras. A ideia começou por fazer sentido: Pedro Emanuel dava segurança na lateral e ajudava a fechar os centrais. Foi, muitas vezes, a voz de comando para serenar os ânimos. O FC Porto teve 20 minutos de bom nível, a defender à frente, a explorar as faixas, a controlar o jogo, a criar perigo. Começou por ferir a defesa contrária, por abanar a mecânica ucraniana. Mas o azar também fez das suas. Logo no início, Raul Meireles, de longe, acertou no poste - é a décima bola no ferro na presente época. Sintomático, não?

Os primeiros instantes apelaram à paciência, com o Dínamo de Kiev fechado na concha, a povoar o meio-campo, a obrigar o FC Porto a ser certeiro no passe. Foi o período de Lucho González, arredado dos holofotes da fama, mas que ontem foi a luz e a fonte de inspiração. Se a intenção do treinador era proteger o lado esquerdo da defesa, a casa cedeu pelo flanco oposto. Mais uma vez, Sapunaru voltou a dar sinais de nervosismo, hesitou, Rolando abriu o espaço e Aliyev assistiu Milevskiy para o primeiro golo do jogo. Um remate em posição frontal, sem hipótese para Helton, a mostrar que a equipa ucraniana serviu o mesmo veneno de há duas semanas: primeiro remate à baliza, um golo.

O FC Porto não foi ao tapete, continuou a controlar o jogo, mas o adversário fechou-se ainda mais, tapando os caminhos, criando uma espécie de labirinto sem saída. A bola nunca chegou a Lisandro López, o ponta-de-lança de serviço, em condições de ser chutada dentro da área. O dragão ainda tem problemas no desenho de jogo pela intranquilidade do momento e também pela forma como o Dínamo de Kiev se distribuiu em campo.

Rolando fazia o golo

Por isso, Jesualdo Ferreira teve de mexer ao intervalo, tirando o apagado Tarik e fazendo entrar Hulk, a gazua para ajudar a abrir a porta da defesa. O brasileiro começou por agitar, obrigou o guarda-redes a uma boa defesa, mas o Porto baixou a produção, começou a ter dificuldades em esticar-se face à matreirice do Dínamo de Kiev, muito fechado e a aproveitar os desnortes de Sapunaru. Só não fez o segundo porque Helton defendeu um remate à queima de Nesmachniy. O dragão depressa se ergue, sai o desastrado romeno, Fernando passa para defesa direito e entra Pelé. E num livre de Raul Meireles, na direita, Rolando cabeceia para o fundo da baliza. Renasce a esperança.

O dragão volta a ter a bola, a lutar, a dominar os acontecimentos, o problema era descobrir o espaço na armadilha ucraniana. De bola parada ainda abria buracos - Lisandro, de cabeça, obriga o guarda-redes a boa defesa. Nos últimos instantes, Vukojevic ainda acertou no poste e o dragão viveu momentos difíceis. Mas depressa dá a volta, a frio, Hulk passa a bola para Lisandro, este assiste Lucho González para o golo da felicidade. Foi só empurrar. Empurrar a justiça para dentro da baliza. Uma vitória importante que quebra uma série de três derrotas e que repete o resultado das meias-finais de 1987, quando o FC Porto ganhou a Taça dos Campeões Europeus.

Outros jogos! Del Piero brilha no Bernabéu...

Del Piero reinou em Madrid

Há muitas equipas na recta final. Mas para já, são poucas as que podem gabar-se de ter um lugar garantido nos oitavos-de-final da Champions – e quando estão disputados quatro de seis jogos. A Juventus, aquela equipa de Del Piero, é uma delas

Os números mostram que a época de Alessandro Del Piero aconteceu em 1997/98: melhor marcador da Champions (dez golos), hat-trick num jogo com o Mónaco e o terceiro golo mais rápido (frente ao United) da história da prova. Mas o futebol de Alessandro Del Piero está a acontececer neste preciso momento. O número dez da Juventus já tinha marcado em Itália frente ao Real Madrid. Ontem, o mesmo jogador marcou os dois golos que deixam a equipa de Bernd Schuster com os nervos à flor da pele.

O concerto de Del Piero começou aos 17’ (remate rasteiro e colocado, tudo pensado pelo próprio) e terminou cinquenta minutos depois (um livre directo com muitas culpas para Casillas, guarda-redes espanhol que construiu mal a sua barreira de protecção). Graças à sua exibição, a Juventus (com Tiago nos 90 minutos) segue para os oitavos-de-final, para já com dez pontos.

O Real Madrid continua em segundo lugar com seis pontos, mas vê o Zenit (agora com quatro) aproximar-se com perigo. Pogrebnyak marcou na primeira parte e o português Danny fechou a contagem ao cair do pano (90’+4’).

Estiveram mais dois jogadores portugueses em acção, mas nem Nani (que saiu ao intervalo) nem Cristiano Ronaldo conseguiram inverter a tendência do Celtic-United. Aos 13’, já McDonald festejava o seu golo. E Alex Ferguson, que alertara para o factor Celtic (e para o “golo fantástico de Nakamura” na última derrota da sua equipa em Glasgow), foi obrigado a ir ao banco buscar Rooney e Berbatov. Aos 84’, a bola sobrou para Giggs, que fez o empate. O médio evitou a primeira derrota da equipa em 18 meses de Champions e deixa virtualmente o United na fase seguinte – a deslocação ao terreno do Villarreal só deverá decidir o vencedor do Grupo E.

Pode dizer-se que o Aalborg-Villarreal (2-2) foi o jogo com mais e melhores golos da noite, com direito a uma desmarcação de calcanhar, com um passe magistral de “colher” e com um livre directo de Due a adiar as contas do grupo para o próximo capítulo.

Outra equipa a um passo da qualificação é o Lyon. Os franceses, que bateram o Steaua Bucareste por 2-0, lideram o Grupo F (com os mesmos oito pontos que o Bayern Munique) e só precisam de um empate dentro de três semanas para se qualificarem pela sexta vez para os “oitavos”. Se, na última ronda, a equipa de Claude Puel tinha dado dois golos de avanço ao adversário (o jogo terminou 5-3), desta vez o Lyon marcou dois sem resposta (livre directo de Juninho; esforço de Anthony Reveillere).

O Lyon, que tinha começado a prova com dois empates frente à Fiorentina e ao Bayern, arrancou duas vitórias e está agora em posição privilegiada para seguir em frente. “Pagámos cara a nossa ingenuidade”, comentou Cesare Prandelli, treinador da Fiorentina. Depois do golo de Mutu (Fiorentina), a equipa alemã parecia em maus lençóis, mas um golo de Borowski deixou o jogo empatado e o Bayern em condições de seguir em frente.

O único jogo da noite que não viu qualquer golo acabou por ser o Arsenal-Fenerbahçe, equipas que partilham o Grupo G com o FC Porto e o Dínamo. Três dias depois da derrota com o Stoke City, e antes do embate com o United para a Premier League (no sábado), a equipa inglesa não foi além de um nulo.

Em casa, o conjunto de Arsène Wenger nunca conseguiu encontrar um fio de jogo, isto apesar de algumas boas oportunidades criadas (por Nasri, Fabregas e Van Persie), todas na primeira parte. Muito do futuro do Grupo G decide-se no dia 25, em Istambul.

danny marcava para o Zenit

Na terça-feira Sporting e Barcelona foram as outras duas equipas que garantiram a presença nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões a duas jornadas do final da fase de grupos. E os blaugrana até nem foram além do empate 1-1, em casa, diante do Basileia. Messi era para ser poupado mas teve de entrar em campo para abrir o marcador. Só que os suíços fizeram a festa com o golo obtido por Derdiyok aos 82 minutos.

Surpresas protagonizaram ainda Mourinho e Scolari, que não conseguiram vencer os seus jogos. O Inter Milão empatou de forma escandalosa, a três golos, em Chipre, com o sensacional Anorthosis. Foi um jogo louco, os nerazzurri estiveram a vencer por 1-2, com golos de Balotelli e Materazzi, mas permitiram a recuperação dos cipriotas, onde Paulo Costa foi substituído perto do intervalo. Só que Julio Cruz salvou Mourinho da derrota aos 80’.

Humilhante foi a goleada, 0-3, sofrida pelo Werder Bremen, sem Hugo Almeida, frente ao Panathinaikos, que teve em Karagounis um dos heróis com um golaço. Quanto a Scolari, as coisas estiveram bem negras, pois a Roma esteve a vencer por 3-0 (Panucci e bis de Vucinic), mas John Terry atenuou o desaire do Chelsea, onde Deco viu dois cartões amarelos e acabou expulso (81’), e Bosingwa jogou o tempo todo. No outro jogo do grupo A, o ex-pacense Dani marcou para o Cluj, mas o Bordéus acabou por vencer com golos de Gourcuff e de Wendell.

Grandes emoções também no Liverpool-Atlético de Madrid. Os espanhóis, com Maniche e Simão a titulares, estiveram a ganhar até aos 90 minutos graças ao golo de Maxi Rodriguez, mas o inevitável Gerrard empatou de penálti (muito duvidoso sobre ele próprio).

Resultados da 4ª jornada da Liga dos Campeões 2008/2009

Grupo A

AS Roma - Chelsea, 3-1 (Panucci 33', Vucinic 48' e 58'; Terry 75')
Cluj - Bordéus, 1-2 (Dani 10'; Gourcuff 6', Wendel 38')

Grupo B

Anorthosis Famagusta - Inter Milão, 3-3 (Bardon 31', Panagi 46', Frousos 50'; Balotelli 13', Materazzi 44', Julio Cruz 80')
Werder Bremen - Panathinaikos, 0-3 (Mantzios 58', Karagounis 70', Tziolis 83')

Grupo C

Sporting - Shakhtar, 1-0 (Derlei 73')
Barcelona - Basileia, 1-1 (Messi 62'; Derdiyok 82')

Grupo D

Liverpool - Atlético Madrid, 1-1 (Gerrard 95' g.p.; Maxi Rodriguez 37')
Marselha - PSV, 3-0 (Kone 30', Niang 63' e 71')

Grupo E

Celtic - Manchester United, 1-1 (McDonald 13'; Giggs 84')
Aalborg - Villarreal, 2-2 (Curth 54' e Due 81'; Rossi 41' e Franco 75')

Grupo F

Fiorentina - Bayern Munique, 1-1 (Mutu 11'; Borowski 78')
Lyon - Steaua Bucareste, 2-0 (Juninho 44' e Réveillère 89')

Grupo G

Dínamo Kiev - FC Porto, 1-2 (Milevskiy 21'; Rolando 69' e Lucho 92')
Arsenal - Fenerbahçe, 0-0

Grupo H

Bate Borisov - Zenit, 0-2 (Pogrebnyak 34' e Danny 90')
Real Madrid - Juventus, 0-2 (Del Piero 17' e 67')


Todos os golos da 4ª jornada da Liga dos Campeões 2008/2009 (quarta-feira)


Todos os golos da 4ª jornada da Liga dos Campeões 2008/2009 (terça-feira)



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Fotos: AP

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