quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
CAN ANGOLA-2010 - Nigéria, 3-Moçambique, 0: No pormenor residiu a diferença
Questões iminentemente de pormenor, tais como o pensar e executar rápido, a inteligência e a busca de soluções plausíveis e consentâneas para cada momento, marcaram a diferença e, acima de tudo, o resultado desnivelado verificado neste desafio.
Para já, o receio de um relvado bastante pesado, em virtude das fortes chuvas que continuam a cair na cidade do Lubango, foi imediatamente ultrapassado, quando se constatou que o sistema de drenagem do Estádio Nacional da Tundavala é óptimo e o piso se apresentava perfeitíssimo para a prática de um bom futebol. Entretanto, apesar disso, os artistas entraram comedidos, com muitos toques para o colega mais próximo, não arriscando, portanto, passes longos, de modo a evitar escorregamentos.
Até ao primeiro quarto de hora, os espectadores viveram uma partida extremamente insonsa, sem velocidade e nem tão pouco lances susceptíveis de provocar perigo nas duas balizas. Enquanto os nigerianos optavam por povoar demasiadamente o meio-campo, actuando com cinco jogadores, designadamente Kaita e Etuhu como trincos, Peter Odemwingie, Obi Mikel e Obasi na cobertura do ponta-de-lança Yakubu, os “Mambas” preferiam um futebol lateralizado, como lhes é característico, na tentativa de tirar partido da velocidade de Campira e Genito, de um lado, Paíto e Miro, do outro, enquanto Dominguez, na zona nevrálgica, se encarregava da circulação do esférico.
Ultrapassado o período menos visível da contenda, a turma moçambicana, ousada, logrou assumir os cordelinhos do desafio, com um jogo bem elaborado de trás para frente, ou melhor, até às costas dos avançados, pois, daqui para frente tudo morria sem qualquer perigo para o guarda-redes Enyeama. Nem Tico-Tico nem Dário Monteiro conseguiam segurar o esférico, construir lances vistosos e provocar desequilíbrios. Toda a acção ofensiva pertencia aos meio-campistas, fazendo uso da sua grande capacidade técnica, no entanto, sem ultrapassar a forte barreira criada pela retaguarda nigeriana.
Com Obi Mikel sem grande espaço de manobra face à exemplar marcação de Simão, e Yakubu praticamente sozinho no ataque, as “Super Águias”, bem na rotação da bola na linha intermediária, optaram por remates a longa distância, obrigando Kampango a muitas defesas apertadas. Foi na sequência de uma dessas situações que, praticamente no fecho do primeiro tempo, Odemwingie, livre de marcação por parte de Campira, não desperdiça o espaço para um grande chuto vitorioso. No começo da segunda parte, o mesmo Odemwingie volta a marcar, numa jogada em que os defensores moçambicanos ficam estáticos, reclamando um pretenso “off-side”, permitindo a entrada de Yakubu, pela esquerda, e cruzamento para o golo.
Desalmada, a formação moçambicana foi fazendo o possível. Cedo atirou a toalha ao chão, conformando-se com a ideia de que o sonho dos quartos-de-final se tinha esvaído completamente. A despeito de um e outro remate, tal como Genito e Miro o tinham feito na etapa inicial, estava claro que já não eram os mesmos “Mambas”. A galhardia tinha desaparecido e as esperadas – já que são as mesmas – substituições de Mart Nooij praticamente não trariam nada de novo, pois o “calcanhar de Aquiles” residia no ataque, e jogadores como Josimar, Momed Hagy e Danito Parruque não resolveriam o problema.
Do outro lado da trincheira, os nigerianos se empolgavam e o treinador fez questão de meter duas unidades de grande referência, designadamente Obafemi Martins e Victor Nsofor, com o objectivo de aumentar ainda mais a frente atacante e, paralelamente, lhes conferir uma certa rodagem, já a contar com o desafio dos quartos-de-final, na próxima segunda-feira, no mesmo palco, em Lubango.
Vídeo
Nigéria 3-0 Moçambique
Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)
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Nada correu bem aos mambas, espero que tenham disfrutado e aprendido numa grande competição. Força
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