Torneio da COSAFA: Novamente a Zâmbia na rota dos “Mambas”

Na presente edição de 2009, a decorrer no Zimbabwe, a Selecção Nacional de Moçambique enfrentará a sua congénere zambiana na próxima, quarta-feira, na cidade de Bulawayo, em desafio referente às meias-finais da prova, depois de ontem, os dois conjuntos terem ganho pelo mesmo resultado de 1-0: os “Mambas” ao Malawi e os “Chipolopolo” à Namíbia, nos primeiros dois embates dos quartos-de-final.

Realizando o primeiro jogo da tarde de ontem, no velho Estádio do Rufaro, o tal que a 18 de Abril de 1980 foi palco da proclamação da independência do Zimbabwe, a turma moçambicana obteve o tento da vitória por intermédio de Josimar, quando eram decorridos 32 minutos.

Tratou-se de uma envolvente e inteligente jogada de contra-atraque, sucedendo a um pontapé de canto dos malawianos. Aliviado por Mexer, o esférico chega aos pés de Josimar, que flecte pelo lado direito, enquanto o endossa a Danito Parruque, no miolo do terreno. O ontem capitão dos “Mambas” mudou de direcção, solicitando a entrada de Jerry, pelo flanco esquerdo. Este, por sua vez, mete para Carlitos, adiantado e a invadir a grande contrária, para o meio-campista da Liga Muçulmana efectuar o passe de morte para Josimar concluir vitoriosamente, para o gáudio do dezenas de adeptos moçambicanos presentes nas bancadas daquele estádio.

Paradoxalmente, o golo aconteceu numa altura em que eram os malawianos a equipa mais esclarecida nas quatro linhas, sobretudo do ponto de vista de lances ofensivos e de remates à baliza, valendo a magnífica tarde do guarda-redes Binó, que de forma destemida se fez a todos os lances, nalguns casos desfazendo golos certos dos “Flames”.

É verdade que na retaguarda os “Mambas” estiveram bem, com grande destaque para Mexer, a assumir-se como o principal esteio da zona central, assim como para Mayunda, através de assinaláveis subidas pela faixa esquerda, fazendo uso da sua habilidade técnica, mas, na intermediária, o jogo foi muito mastigado – aliás, a corresponder plenamente à característica dos homens que Mart Nooij colocou nesta posição, designadamente Danito Parruque, Momed Hagy e Carlitos.

Josimar, quiçá o mais inconformado da equipa, particularmente naqueles momentos em que os malawianos se colocavam na mó de cima, estabelecia a perfeita ponte entre o meio-campo e o ataque, apesar de a combinação entre Jerry e Hélder Pelembe não ter sido a mais acertada.

O seleccionador nacional, logo no começo do segundo tempo, fez entrar Zainadine Júnior para o lugar de Fanuel, deixando claras as suas preocupações em relação à defesa, face ao crescente jogo ofensivo do Malawi na busca do tento da igualdade. Pouco tempo depois, Mart Nooij substituiu Carlitos por Nelinho, outra unidade com características defensivas, precisamente para matar as subidas malawianas antes de atingir a nossa retaguarda.

Sem terem realizado uma partida eminentemente espectacular, os “Mambas” cumpriram, pelo menos, o essencial: marcar e depois saber gerir o resultado, mesmo com as constantes e perigosas ameaças do adversário, tendo Binó sido o grande salvador, embora o “homem do jogo” tenha sido Josimar, que no final da partida recebeu o respectivo troféu.

Os “Mambas” alinharam assim: Binó; Campira, Mexer, Fanuel (Zainadine Jr) e Mayunda; Carlitos (Nelinho), Momed Hagy, Danito Parruque e Josimar; Hélder Pelembe e Jerry (Luís).

Zâmbia sofre

Foi realmente a valer, o sofrimento zambiano. Face a uma Namíbia que se mostrou bastante aguerrida e a discutir o jogo pelo jogo, a Zâmbia acabou vencendo por uma bola sem resposta, graças a um tento da autoria de Stopille Zanzu, a escassos minutos dos 90 e numa altura em que a conjectura da maior parte dos espectadores apontava para uma igualdade e o consequente recurso ao prolongamento para o apuramento do vencedor.

O guarda-redes namibiano, que havia defendido uma grande penalidade, foi traído num lance aparentemente inofensivo e no qual os seus colegas da defesa tiveram uma quota-parte de culpas. A tentativa de reverter a situação por parte da Namíbia não resultou, até porque o tempo já se tinha esgotado e a Zâmbia, nessa altura, procurava o máximo para não oferecer campo de acção atacante ao adversário.

Esta tarde, em Bulawayo, tem lugar a segunda vaga dos desafios dos quartos-de-final. Primeiro, às 13.30 horas, estarão frente-a-frente Angola e África do Sul, sinónimo de que um dos sérios candidatos à conquista do Torneio da COSAFA ficará pelo caminho muito cedo. A seguir, pelas 15.30, Zimbabwe, vencedor do Grupo “B” da primeira fase, jogará com Botswana, que conquistou o Grupo “B”.

As meias-finais realizam-se na quarta-feira, em Bulawayo com o Moçambique-Zâmbia e, em Harare, os vencedores das duas partidas desta tarde.

A final desta competição regional está marcada para domingo, em Harare.

Texto: Michael Cesar (correspondente e colaborador do Desportugal em Moçambique)

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