sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O Dia C


"... recusei-me durante décadas a admitir para mim mesmo a palavra e a letra duplicada. Aquilo que eu tinha aceite com o orgulho estúpido da minha juventude, queria ocultar, por uma vergonha que se refazia sempre depois da guerra. Mas o peso ficou, e ninguém pode suavizá-lo."

A citação é da minha proposta de fim de semana: Descascando a Cebola do germânico vencedor do prémio Nobel em 99 (sim, logo a seguir ao Saramago).

O polémico livro onde Gütner Grass assume que fez orgulhosamente parte da SS é um conjunto de camadas de memórias recolhidas entre 39 e 59 dirigidas sob a sua mestria narrativa.

Embora ache que a metáfora da cebola seja utilizada em demasia ao longo das quase 400 páginas (378 para ser mais preciso), averdade é que é uma bela leitura para um fim de semana que se aproxima chuvoso e frio.
Sobretudo frio.
Uma lareira, um chá, uma fatia de pão do Torrão e um livro.
Não temam pelos vossos olhos! A mente agradece!

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3 comentários:

  1. Acho engraçado o título, mas o espaço temporal de revelar apenas agora que perteceu ao regime nazi. Porque não o fez há mais tempo?

    Parece que está na moda, muitos alemães importantes do tempo da Guerra revelarem os seus segredos quando estão quase com os pés para a cova.

    Cumprimentos

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  2. Acho que o facto de ele se ter assumido como a "consciência alemã" só lhe permitiu encarar agora os seus receios ou mais profundos medos.
    Embora não o esteja a defender, acho sinceramente que só agora é que alcançou paz de espírito suficiente para o admitir.

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  3. Correcto e concordo contigo. Mas normalmente só quando já estão com idade avançada, o peso da consciência vêm ao de cima.

    Abraço e bons posts.

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